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Terça, 27 Abril 2021 18:58

PR acredita que líderes africanos são capazes de transformar o continente em lugar de progresso e bem-estar de todos

O Presidente da República, João Lourenço, num discurso proferido nesta terça-feira, 27 de Abril, em Luanda, no acto de abertura da Conferência do FORUM PALOP, reconheceu, entre outros pontos, a existência de obstáculos e outras situações inesperadas, que atrasam o processo de desenvolvimento de África.

João Lourenço, pronunciou-se na condição de Presidente em exercício do FORUM PALOP, cargo que entretanto passaria, no final, para Cabo Verde, para um mandato a cumprir no período 2021-2023.

Na sua intervenção, após saudar outros estadistas que integram a organização, disse que, constitui para si, uma grande honra poder congregar neste encontro, os Chefes de Estado que compõem o referido grupo. 

O Presidente, reconheceu que transcorreu um período longo sem que nos tivéssem reunido para abordar questões importantes de interesse comum e dinamizar acções que levassem ao aprofundamento da cooperação entre os países que impulsionassem a realização de programas e projectos de desenvolvimento de cada uma destas nações.

O que importa neste momento, considerou, é estabelecermos um entendimento conjunto sobre as formas de dinamizarmos o funcionamento da nossa organização no interesse de todos os Estados membros, quando se o quanto foi importante no passado, durante a luta pela autodeterminação dos povos, a articulação e a coordenação que conseguimos estabelecer e que foi crucial para a vitória na luta comum que travamos contra a dominação colonial. 

Conforme o chefe de Estado, foi possível nessa fase da nossa história, superar obstáculos que pareciam impossíveis de se transpor, graças ao patriotismo, à definição clara dos nossos objectivos, graças à força e à capacidade de sacrifício que estiveram na base das acções que foram sendo empreendidas com o propósito de se alcançar a liberdade e a soberania de que as nossas nações hoje beneficiam.

"Somos herdeiros e depositários dos valores defendidos pelos pais das nossas independências, a quem rendemos uma singela homenagem, levando por diante os seus grandes ideais de construção de uma África próspera, unida, desenvolvida e com voz no concerto das nações", disse.

João Lourenço acredita que os líderes africanos estão capazes de realizar os grandes objectivos pelos quais pugnaram os heróis africanos, se forem capazes de se unirem para assumir com empenho e determinação, perspicácia e firme vontade política, a necessidade de empreenderem acções conjuntas nos domínios em que cada um de destes é mais forte, para transformar os seus países em lugares de progresso e bem-estar para todos.

Somos países com muitas afinidades, e por isso devíamos procurar com regularidade concertar posições que salvaguardem as nossas preocupações e interesses, nos grandes fóruns e organizações internacionais em que participamos, sempre na perspectiva de colhermos resultados que possam acrescentar valor aos esforços que realizamos para impulsionar o desenvolvimento", disse ainda.

Acredita também que, se forem capazes de potenciar o uso das capacidades materiais e intelectuais que cada uma das nossas nações possui, estarão em condições de se complementarem nos domínios da educação, saúde, defesa e segurança, entre outros.

"Preconizamos um intenso movimento entre os nossos países, de empresários, académicos, turistas, investigadores e estudantes, e de agentes da cultura e da ciência. É esta dinâmica assente sobre interesses compartilhados, que gostaríamos que fosse transformada no sinal identitário característico das relações entre os nossos países", avançou.

Nossa história comum, considerou igualmente, é um capital importante que deve ser preservado e servir de base para a necessidade de aprofundarmos nossos laços de amizade, mas sobretudo de cooperação económica e intercâmbio comercial.

"Nos nossos países, temos registado uma forte incidência dos graves efeitos provocados pelas alterações climáticas, não obstante termos o privilégio de possuir ecossistemas bastante bem preservados, que têm contribuído para o equilíbrio do ambiente a nível global", referiu, defendendo que diante deste quadro, é essencial que ao nível africano, se adopte posicionamentos estratégicos consensuais sobre as questões relativas ao clima, no sentido de serem partícipes activos na formulação de decisões, que não condicionem o direito ao desenvolvimento, e nem afetem as condições favoráveis que a natureza à humanidade reservou.

No caminho que se tem percorrido em busca permanente do desenvolvimento, "vamos nos deparando com obstáculos diversos e com situações inesperadas, que retardam este processo, e comprometem não poucas vezes a realização dos nossos objectivos".

Além do impacto altamente danoso, que a volatilidade dos preços das matérias-primas que produzimos e fornecemos ao mundo têm, nas nossas economias, João Lourenço observou que associam-se-lhes outros factores e neste contexto especial a pandemia da COVID-19 e suas consequências. 

"Com o surgimento das vacinas, estamos a ver actualmente uma luz ao fundo do túnel, no percurso que temos feito para encontrar soluções que ajudem a mitigar os efeitos da pandemia da COVID-19. Devemos contudo fazer perceber os nossos parceiros internacionais, que o continente africano precisa de muita compreensão e solidariedade para nos recompormos dos estragos e dos prejuízos que esta crise sanitária global provocou nos nossos países", apelou.

Para o presidente João Lourenço, é urgente que se corrija a actual realidade do difícil acesso às vacinas por parte dos nossos países africanos e não só, que não têm capacidade própria de produção local das vacinas, não têm grandes recursos financeiros para as adquirir e com isso correm o sério risco de ver suas populações virem a ser vacinadas, apenas depois de o mundo mais desenvolvido o ter feito.

Por outra, disse estar certo que partilharão consigo a mesma preocupação, acerca da situação de instabilidade e de conflito permanente que prevalece no nosso continente, e agrava a cada dia que passa os dramas sociais e humanitários que as nossas populações enfrentam.

"Não nos podemos conformar com esta realidade. Na nossa qualidade de um grupo de países africanos ligados por uma história e luta comuns, preocupa-nos a situação de conflito que assolam a República irmã de Moçambique, alguns países da Região dos Grandes Lagos e da CEEAC, e da Região do Sahel no nosso continente", finalizou JoãoLourenço.

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