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Terça, 25 Fevereiro 2020 10:05

Líder da UNITA acusa juízes do CSMJ de querem condicionar a CNE para uso próprio

O combate à corrupção em Angola parece selectivo porque "todos conhecem bem os nomes envolvidos na corrupção", disse o presidente da UNITA , Adalberto Costa Júnior.

“Não há duvidas para ninguém que conhece Angola sobre quem são os grandes intervenientes da corrupção”, disse o líder da UNITA que falava no programa “Angola Fala Só”.

Adalberto Costa Júnior disse que o Estado angolano continua a ter “duas vozes” nesta questão pois se por um lado afirma a vontade de combater a corrupção por outro “impede o trabalho da Assembleia Nacional”.

A este respeito recordou os vários pedidos de investigação parlamentar pedidos pela UNITA ao Banco Espirito Santo Angola (BESA), à Sonangol, ao Fundo Soberano e à dívida pública, que não tiveram qualquer sucesso.

“Nada sai da gaveta”, disse o presidente da UNITA para quem o combate à corrupção tem sido selectivo porque para além da família do ex-presidente “temos uma série de outros actores que em vez de serem alvo da justiça são protegidos”.

Interrogado sobre as eleições autárquicas, Adalberto Costa Júnior revelou que no seu recente encontro com o Presidente João Lourenço este tinha afirmado que convocará eleições quando a Assembleia Nacional concluir a aprovação da legislação para esse efeito.

“O presidente desviou a responsabilidade para a Assembleia Nacional e esta não deve ficar com o ónus do adiamento das eleições que o público quer”, disse Costa Júnior para quem “não há motivo nenhum que o pacote eleitoral não possa ser aprovado até Março”.

“As instituições devem a credibilidade dos seus compromissos”.

“Tudo indica que o posicionamento actual do governo é de adiamento” das autárquicas porque devido à situação económica o partido no poder teme os resultados.

O presidente da UNITA manifestou também mais uma vez a oposição do seu partido à nomeação de Manuel Pereira da Silva para a chefia da Comissão Nacional Eleitoral afirmando que o processo de escolha teve “cheio de irregularidades” e Pereira da Silva é “uma pessoa arguida em processos de corrupção, alterações de normas, e anúncio de resultados substituídos”.

“Temos todo um conjunto de circunstâncias que nos indicam que infelizmente o Conselho Superior da Magistratura e os actores políticos estratégicos do regime querem condicionar a CNE para uso próprio”.

Interrogado sobre a posição da UNITA para a questão de Cabinda, Adalberto Costa Júnior disse que o seu partido defende uma “autonomia ampla” com respeito pelo exercício livre de todos os direitos por parte dos cabindas.

Contudo, disse, “a independência não tem sido um elemento da agenda” do seu partido.

O problema tem sido agravado “pela modalidade de abordagem” escolhido pelo governo “que nem sempre privilegia o diálogo” preferindo a “mão dura”, o que leva a que “o problema tenha sido continuamente adiado”.

Interrogado sobre o que o tinha surpreendido nos seus primeiros três meses como presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior mencionou “ a extraordinária expectativa direccionada à UNITA e ao seu presidente”.

“Isso preocupa porque é extremamente forte e traz um acrescimento adicional da responsabilidade”.

“Há muito sofrimento e muitos problemas mas não estava à espera desta tão elevada percentagem de cidadãos a procurar-nos, a aplaudirmo-nos e a olhar para nós como uma solução”, disse.

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