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Quarta, 13 Abril 2016 08:15

FMI, Angola e politiquices

Politiquice, para quem não saiba, é política na sua versão rasteira e mesquinha, e pensei nisso ao saber que o FMI vai ajudar Angola, isto é, um regime democrático e um Estado de Direito vigoroso, capaz de condenar uns rapazolas que leem livros e ameaçam ler mais.

Não falemos mais do horror que foram os aspectos de natureza técnico-jurídica do "Processo dos 17", de que alguns juristas angolanos e estrangeiros falaram como muita propriedade, como o foi o caso do advogado Beja Satula, num debate na TV Zimbo ou do doutor em Direito Rui Verde, no blog Maka Angola de Rafael Marques.

Foi notória a forma ligeira e pretensiosa como alguma imprensa à margem do Tejo, useira e vezeira em desejar desgraça em casa alheia, saiu à rua para lançar diatribes à volta de um suposto programa de resgate económico monitorado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), organização de que Angola é membro de pleno direito.

Os que tentam promover o desordenamento politico-administrativo e social banindo as liberdades democráticas alcançadas com sacrifício, dor, e derramamento de sangue arrogam-se hoje, sem pudor, como detentores da ética, mas, serão execrados amanhã. Não existem dúvidas a esse respeito, pois, assim reza a história do passado recente da Angola colonial, que se traduz no expectante processo dos 50 onde o regime colonial fascista foi de uma forma irreversível fulminado politicamente.

Angola pediu hoje formalmente apoio financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI), uma instituição que no passado já questionou o país devido aos desvios do dinheiro dos petróleos. Desta vez, que irá o FMI encontrar nas contas do regime do MPLA? E até onde irão as exigências do fundo em termos de transparência das contas e bom uso dos dinheiros públicos?

Se para alguns países basta que o petróleo esteja a apenas alguns dólares por barril para manter as contas públicas equilibradas, para outros são precisas várias dezenas. E num contexto de forte queda dos preços da matéria-prima, criam-se desequilíbrios acentuados. Angola estimava um valor de 45 dólares, mas as cotações teimam em manter-se abaixo desse patamar, o que levou o país a "mergulhar" num pedido de ajuda ao FMI.

Hoje acordei e pus-me a somar o número de jovens entre mortos e vivos que de uma maneira ou de outra já foram vítimas da estratégia criminosa elaborada por JES para tentar silenciar principalmente jovens que se vão destacando como intelectuais de grande gabarito críticos do seu regime e conclui que com Domingos Da Cruz já são exatamente 84.

José Eduardo dos Santos quer garantir a continuidade do sistema que estabeleceu e proteção para si e para a sua família. A sua saída do poder é um fator de risco para toda a gente que o rodeia.

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