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Terça, 30 Agosto 2016 05:55

Com Lourenço e Cassoma, Santos mexe com equilíbrios étnicos no MPLA

José Eduardo dos Santos, eterno presidente de Angola e do MPLA, está a fazer jogadas arriscadas. Sobre a sua anunciada saída da vida política em 2018, já muito se falou – e falei aqui. Neste último Congresso do “M”, de saiu ainda mais forte, fez outra, que mexe com os equilíbrios étnicos dentro do partido. 

Santos chamou para a organização partidária, como secretário Geral, o general na reforma Paulo Cassoma, seu cunhado, pelo casamento com uma das irmãs e que, ao longo de muitos anos tem dado provas de absoluta fidelidade ao “chefe”.

João Lourenço, novo “vice” do partido é também um fiel seguidor de “Zedú”, mas em algumas ocasiões exprimiu desacordos, que não o impediram de desenvolver uma carreira política ascendente e segura, desde o posto de governador do Moxico, a que, em Abril de 1986, se seguiu a nomeação para o cargo de governador de Benguela.

Esta nomeação, que permitiu a Lourenço voltar à sua terra natal – ele é do Lobito – é, sem dúvida, o primeiro laço que JES aperta com o então major Lourenço. Com a progressão política, Lourenço assegura a subida no escalão militar, chegando rapidamente a general, com o qual é nomeado para o governo. Hoje, é ministro da defesa.

João Lourenço é, oficialmente, filho de um quimbundo. Mas, segundo a lógica de atribuição de uma origem tribal de acordo com o local de nascimento, é Ovibundo. O mesmo acontece com Cassoma, que se distinguiu como governador do Huambo, o que lhe valeu a nomeação para primeiro-ministro.

Aparentemente, estes factos não têm importância, mas, em Angola, com o MPLA, nem tudo o que parece é. A “origem” tribal poderá ser um trunfo eleitoral no sul do país, mas também um obstáculo, já que em torno destas duas condições se poderão movimentar resistências - nomeadamente de gente do Norte, Bakongos e Kibundus. 

Haverá gente a desenvolver argumentos sobre a permanência, nos cargos mais importantes da hirerarquia, de dois ovimbundus. Um chegará – acrescentarão - e esse será Cassoma.

Para assegurar este processo, Cassoma é peça importante do puzzle porque validará, através do partido, todas as iniciativas do presidente, que pode vir a candidatar-se às eleições de 2017 com um vice que não seja Lourenço. Ou até, se ainda não estiverem criadas as condições, adiar para 2018 a eleição, indicando então um novo cabeça de lista, reservando para si a presidência do MPLA, com apoio de Cassoma.

AM

 

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