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Domingo, 31 Julho 2016 10:55

O abandono da Money Corp e as homilias bancárias

Mas, afinal, o que está por detrás desse nome? Eu ajudo-o a descodificar. É o nome da última instituição que, até esta semana, vendia, em papel, dólares a alguns bancos comerciais.

Gustavo Costa | NJ

Money Corp. Esse nome diz-lhe alguma coisa? Não. Não certamente. E que tem esse nome a ver com a sua vida? Aparentemente nada, mas, na verdade, só aparentemente. Porque, na verdade, tem a ver. Alguma coisa.

Quer para a sua vida particular, quer para a vida de muitas empresas, quer ainda para a sobrevivência do próprio Estado para o qual trabalha, para poder sustentá-lo a si e à sua família.

Mas, afinal, o que está por detrás desse nome? Eu ajudo-o a descodificar. É o nome da última instituição que, até esta semana, vendia, em papel, dólares a alguns bancos comerciais.

Eram poucos, é verdade, mas sempre eram alguns. Assim, certamente, já perceberá porque é que essa instituição era importante. Mas, sendo exactamente importante, colocar-se-á, desde logo, uma pergunta:

Porque é que é "a última instituição daquele tipo"?

Porque, a partir de agora, de acordo com uma carta que a própria Money Corp endereçou a alguns bancos comerciais, cessam as operações de venda, em termos físicos, da moeda norte-americana ao nosso país.

Era a nossa última sobra. Agora, essa instituição decidiu fazer as malas, apanhar um avião e rumar para outras paragens. Porquê?

Porque a nossa imagem lá fora é muito má em matéria de contas públicas. Porque a nossa imagem cá dentro corporiza contas de subtrair ao Estado verdadeiramente monstruosas.

Subtracções que obrigam agora o Estado a estender a mão lá fora como pedinte de primeira classe, que não sabe honrar, a tempo e horas, compromissos assumidos com Palavra de Honra...

Mas, insaciáveis, não nos contentámos com essa "heróica e generosa" onda de ganguesterismo? E quisemos mais e mais! Sempre mais! Primeiro, como raposas famintas, demos cabo do arame farpado e assaltámos o galinheiro.

Depois, embrulhámos o dinheiro em malas sebentas e despachámo-lo para o exterior sem respeitar as regras de trânsito do sistema financeiro internacional.

Atropelámos literalmente os sinaleiros!

Ao fazer esta turbulenta viagem, com dinheiro que não fabricamos nas nossas "zonas económicas especiais", deixámos rastos de crime de diversos colarinhos, que se converteram agora num verdadeiro pesadelo.

Resultado?

Agora as frestas por onde escapavam os últimos pedaços do dólar foram bloqueadas. Tinham de ser bloqueadas! Porquê?

Porque o mercado não suportava mais a contaminação dessa vaga torrencial de dinheiro escoado das nossas "lavandarias", que inundava praças alérgicas à nossa sujidade monetária.

Nós sabíamos disso mas ignorámos isso.

Agora andamos a pagar o preço da nossa arrogância. Preço de altíssimo risco. Que nos obriga a não ter recursos para comprar medicamentos para os nossos doentes.

A não ter dinheiro para importar comida para a população. Ou a não ter dinheiro para assegurar, a tempo e horas, o salário da tropa ou a mensalidade dos bolseiros.

A não ter dinheiro para garantir o pagamento dos ordenados no estrangeiro dos nossos funcionários diplomáticos. A não ter dinheiro para honrar compromissos financeiros internacionais.

Sem dúvida alguma uma bela imagem para um país com um presente radioso como é hoje o nosso presente... (...).

 

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