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Sexta, 09 Outubro 2015 17:58

As diatribes de Afonso Dhlakama

As últimas posições da Renamo devem ser levadas a sério. Mas o povo moçambicano não merece a situação que se adivinha se o líder da Renamo passar das ameaças à prática. Serão certamente mais mortes, feridos e desaparecidos que se somarão às vítimas do conflito do passado.

Com a instalação de uma base militar no distrito da Zambézia, o líder da Renamo renúncia logicamente a todos os acordos já firmados entre o executivo moçambicano e a Renamo, colocando entre eles o confronto que se espera.

A Renamo disse apenas há semanas o que já vinha anunciando nos últimos tempos. O maior partido da oposição de Moçambique afirmou que tem um exército e uma polícia para treinar e para garantir a protecção da população do centro e norte do país.

Chego a perguntar: Moçambique está ou não independente? Porque que se permite uma tamanha afronta que põe em risco a indivisibilidade da Nação e, consequentemente, a soberania que tanto custou ao povo moçambicano.

Os dias de hoje estão a ser marcados por metamorfoses por causa de intrigas de todo o género. Já tivemos, nós em Angola, a mesma situação. É preciso cortar o mal pela raiz.

Dizem que o senhor Afonso Dhlakama, no passado, tinha, como não podia deixar de ser, ligações com o regime do apartheid. O que é curioso é que dizem que a decisão de montagem do quartel de Morrumbala, não foi do presidente do partido Renamo, mas dos próprios veteranos da luta pela democracia e que Dhlakama apenas apoiou esta decisão como forma de evitar uma cisão no seio do partido, o que seria perigoso para a democracia.

Ora, exactamente o mesmo argumento foi usado por Savimbi para se desresponsabilizar da situação que provocou e para prosseguir a sua guerra contra o povo de Angola.

Os círculos interessados na confusão e no caos em Moçambique e em Angola são os mesmos.

Tudo isso serve apenas para instalar a confusão e o caos. O Governo moçambicano tem que agir imediatamente para fazer face a esta situação. E isso deve ser feito quanto antes, porque pode ser que seja um conflito a mais que se avizinha.

Prendam o Dhlakama, enquanto é cedo.

Os moçambicanos têm exemplos recentes que causaram muitas mortes, por motivos de divergências de tribos, de regiões, de politiquices. Lembrem-se de situações que actualmente prevalecem em países como a Nigéria, o Mali, a Guiné-Bissau, o Burkina Faso, a República Centro Africana, a RDC, a Somália, no Sudão e Sudão do Sul, que envolvem a região dos Grandes Lagos. Tivemos situações causados por Jonas Savimbi e os seus amigos da política do apartheid. O mesmo apartheid causou muitas vítimas ao povo moçambicano quando esteve em conluio com a Renamo.

Tenha um pouco de vergonha,  senhor  Dhlakama! Tomem medidas urgentes!

Por Luís Neto Kiambata

Jornal de Angola

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