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Segunda, 12 Janeiro 2015 11:29

As elites portuguesas ignorantes e corruptas são também mal agradecidas.

Portugal tem muitos problemas estruturais, alguns financeiros e imensos no que diz respeito a algumas das suas elites políticas. O nível dessas elites é tão baixo que causa incómodo aos parceiros e amigos.

A mediocridade agressiva do regime fascista foi substituída, a partir de 1976, data do primeiro Governo Constitucional, por epígonos sem a mínima imaginação. Mudaram o discurso, viraram a casaca e desde então traçam o destino político de um país carregado de História e com um grande povo que foi reprimido e castrado por séculos de repressão.

Entre os actores da política à portuguesa destaca-se um reformado: Alberto João Jardim. A RTP armou o funcionário Vítor  Gonçalves com uma câmara e um microfone e mandou fazer ao governador da Madeira uma “grande entrevista”. O que ambos disseram, é impossível de reproduzir, por falta de nexo e de uma linha de raciocínio aparentada com os seres humanos.

Mas o funcionário da RTP, no meio da entrevista, disse com ar de borboleta cega pela luz que irradiava do tonitruante Jardim, que está há tanto tempo no poder “como o José Eduardo dos Santos em Angola” e os irmãos Castro em Cuba. O entrevistador faltou às aulas quando o professor ensinou a tratar com respeito, seja quem for. E ainda mais quando se trata de Chefes de Estado. O governador da Madeira respondeu muito despachado que “isso são regimes ditatoriais” e “eu fui eleito pelo povo”. Os políticos portugueses da extracção do funcionário da RTP  e do governador da Madeira revelam sempre um imoderado racismo e uma confrangedora falta de chá. A esses indivíduos sem palavra faltou-lhes berço. Por isso, falta-lhes também em educação o que lhes sobra à farta em atrevimento e arrogância. Deixamos o funcionário da RTP e vamos concentrar-nos no mais mediático político do PSD, que pelos vistos é o trunfo do partido para as Eleições Presidenciais do próximo ano.

Alberto João Jardim não foi nunca eleito pelo povo. Uma maioria de eleitores da Madeira e Porto Santo deu-lhe o voto. O arquipélago tem pouco mais que 260.000 habitantes. Nas últimas eleições, o PSD teve 71.000 votos. Esta é a base social de apoio da grande estrela do PSD, o partido que lidera a coligação governamental em Portugal. Para a dimensão do político reformado ser definida com mais exactidão, é preciso dizer que ele foi sucessivamente eleito pelo número de habitantes da Matala, em Angola. Ou da Damba. E menos do que os habitantes do Bailundo. 

Nas últimas eleições em Angola, declaradas livres e justas pela Comunidade Internacional, o Presidente José Eduardo dos Santos foi eleito com mais de 71 por cento dos eleitores angolanos, o que equivale a 4.135.503 votos. Tradução: mais de quatro milhões de votos. Mas o Presidente da República não está à frente da esmagadora maioria dos políticos portugueses de todos os quadrantes apenas na legitimidade democrática. É líder também em estratégia política. Nenhum político do “arco do governo” em Portugal fez uma milésima parte do que ele já fez pela liberdade. Enquanto Alberto João Jardim e seus colegas do PSD apoiavam o regime de apartheid da África do Sul e os seus apoiantes em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos derrotava as tropas racistas de Pretória no Triângulo do Tumpo, à vista do Cuito Cuanavale, o que fez avançar a justiça e a democracia em África. Enquanto os políticos mais destacados do “arco do governo” em Portugal e vários deputados do “bloco central” acarinhavam o regime racista de Pretória, o Presidente José Eduardo dos Santos comandava as forças que libertaram África e a Humanidade desse crime hediondo que se chama apartheid.

Enquanto Alberto João Jardim se aboletava à mesa dos fascistas de Lisboa, José Eduardo dos Santos era um dos dirigentes do MPLA que combatia o colonialismo. Jardim foi um dos derrotados do 25 de Abril. José Eduardo dos Santos foi um dos que derrubou o fascismo e ajudou a libertar o Povo Português.

O Presidente de Angola esteve sempre entre os que combatem pela liberdade e a justiça. Alberto João Jardim esteve ligado a uma organização terrorista que na Madeira abriu o caminho à sua primeira eleição. O Presidente José Eduardo dos Santos  passou a vida a lutar pela democracia e a liberdade. Derrotou grupos terroristas para libertar Angola e África. Alberto João Jardim amealhou votos à custa do medo e da ameaça.

As elites portuguesas ignorantes e corruptas são também mal agradecidas. Os anos que Jardim gozou, sentado à mesa do Orçamento português, só foram possíveis porque o MPLA derrotou o colonialismo e o fascimento em Portugal. E já nessa altura José Eduardo dos Santos era dirigente da luta armada de libertação em Angola e da qual beneficiou o Povo Português. Que nunca elegeu Alberto João Jardim.

Jornal de Angola

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