A escassos 185 quilómetros de Luanda, a capital do país, Quibaxi tem um enorme potencial agrícola: banana, batata-doce, abacate e diversos outros produtos são cultivados com dedicação por um povo trabalhador mas o município enfrenta graves carências estruturais.
Em pleno século XXI, a vila sede do município ainda não tem acesso regular à água potável nem à energia elétrica. A luz depende de geradores que funcionam apenas das 18h às 23h, mesmo com uma barragem próxima que fornece eletricidade a outras cidades. Essa realidade é inaceitável e injustificável.
As marcas do abandono são visíveis, as únicas casas “notórias” da vila sede continuam a ser aquelas herdadas do tempo colonial, sem reformas, com pouca pintura, sem novos investimentos habitacionais. O progresso parou no tempo. A juventude de Quibaxi, por outro lado, não parou. São jovens ativos, inteligentes, curiosos e com sede de conhecimento e crescimento pessoal. Mas o município não oferece meios. O ensino local limita-se ao 1.º e 2.º ciclos, com apenas um ou dois institutos politécnicos. Não há universidades. A consequência é a fuga constante de jovens quadros para outras regiões que oferecem educação superior e perspetivas de vida digna. O municipio perde talentos por negligência.
Segundo informações recolhidas, o município recebe uma dotação orçamental de
25.000.000 de kwanzas, mas os valores já chegam vinculados e engessados, sem margem para que os gestores locais definam ou implementem planos próprios de desenvolvimento. Como pode haver progresso se não há autonomia para responder aos desafios reais da comunidade?
O povo de Quibaxi quer trabalhar, quer estudar, quer investir na sua terra. Mas está limitado em quase tudo. O município precisa de:
– Acesso digno e permanente à água potável e energia elétrica.
– Reabilitação urbana e habitacional.
– Expansão do sistema de ensino, incluindo o ensino superior.
– Autonomia orçamental real, que permita às autoridades locais pensarem e agirem para o bem do seu povo.
Não se constrói um país forte com municípios fracos e abandonados. Quibaxi merece respeito. Quibaxi merece investimento. Quibaxi merece ser ouvido.
Kibaxi não precisa de esmolas, precisa de investimento justo. Precisa de água corrente, energia contínua, escolas técnicas, centros de saúde funcionais, estradas asfaltadas. Precisa de confiança, autonomia e visão estratégica para transformar sua riqueza em desenvolvimento.
Este é um grito vindo do interior, mas que deve ecoar nos gabinetes de Luanda. É hora de agir. Kibaxi não pode continuar a ser apenas uma vila esquecida entre montanhas férteis ela tem tudo para ser uma referência em produção nacional. Rafael Morais