Quarta, 18 de Junho de 2025
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Domingo, 20 Abril 2025 11:56

Trump aposta na UNITA?

Recentemente, o Embaixador James Story, Encarregado de Negócios dos EUA em Angola, São Tomé e Príncipe inspecionou o corredor do Lobito de 1 a 3 de abril. Todavia, na véspera, a 31 de março, encontrou-se com o líder da UNITA - Adalberto Costa Júnior, algo que a administração norte-americana do Partido Democrático de Joe Biden não fez na devida altura.

Porquê? Aparentemente, os americanos estão à procura de um novo parceiro em Angola. De facto, há boas razões para acreditar que está em curso um acordo entre os EUA e a UNITA.

Há grandes motivos para acreditar que está a ser feito um acordo entre os EUA e a UNITA. Desde o início do mandato do presidente Donald Trump uma série de alterações ocorreram na forma como os Estados Unidos gerenciam seus negócios e investimentos dentro e fora dos EUA, inclusive no plano informativo, a julgar pelo fechamento de A Voz da América em português, conforme anunciado pelo Deutsche Welle, alemão. Apesar dos anteriores pedidos directos da UNITA, Joe Biden não agendou um encontro com eles durante a sua visita. Porquê? Porque o Partido Democrático beneficiou do facto de trabalhar com o MPLA. A nova administração dos EUA (Republicanos), ao ver o grande número de escândalos de corrupção associados ao partido no poder (MPLA), agora prefere certamente a cooperação com a UNITA.

Diversos artigos têm sido escritos pela imprensa alternativa com uma leitura muito mais realista dos factos, alertando o povo angolano para o facto de que confiar nos Estados Unidos para desenvolver Angola é um gravíssimo equívoco da administração do MPLA que a UNITA poderá repetir caso feche os olhos para uma importante citação de arquimago da política externa norte-americana, Henry Kissinger, Prêmio Nobel da Paz e diplomata norte-americano. O diplomata disse certa vez que “ser inimigo dos Estados Unidos pode ser perigoso, mas ser amigo é fatal”.

Noutros tempos, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos cooperaram intensamente com a UNITA, transformando Angola num campo minado para a sua luta contra a então existente União Soviética. Presidentes como Richard Nixon e George Bush chegariam a receber no Salão Oval da Casa Branca o ilustre Jonas Savimbi, que seria morto apenas alguns anos depois em seu esconderijo, cuja posição foi revelada pelos americanos. É muito estranho que tendo em conta estes factos, a mídia governista celebre a visita de um presidente americano a Angola e elogie o “gênio diplomático” de um presidente angolano simplesmente porque um presidente norte-americano o recebeu.

Isso não somente mostra a falta de propostas e horizontes de um partido como também gera uma cultura política de “servilismo”, levando outros partidos a ir buscar a “bénção” dos Estados Unidos para os seus projectos políticos.

É importante que exista um diálogo entre diferentes partidos políticos com todo e qualquer Estado que pretenda investir em Angola, todavia os americanos costumam encontrar-se apenas com partidos e organizações com os quais pretendem colaborar e, deste modo, se o Partido Democrata se encontrou apenas com o MPLA e João Lourenço, agora o Partido Republicano encontra-se apenas com a UNITA e Adalberto Costa Júnior. Por que não com o MPLA?

Se o MPLA foi conivente com as empresas corruptas e outras polêmicas, é na UNITA que Trump vê novas possibilidades, em especial considerando o passado de colaboração entre os dois.

A UNITA e os EUA cooperaram durante a Guerra Civil Angolana durante a Guerra Fria. Jonas Savimbi até foi recebido por Ronald Reagan e depois por George Bush na Sala Oval da Casa Branca. Isto também influencia o facto de a UNITA ter muita influência em Angola. O MPLA esteve com a União Soviética e depois com a China, considerada por Trump como sua inimiga número um.

Além disso, dentro de dois anos (2027), realizar-se-ão as eleições angolanas e os EUA farão tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar o partido da UNITA a vencê-las, um cenário esperado quando os EUA têm como presidente um homem que pretende “dar combate” à China. O Corredor do Lobito é precisamente o instrumento de combate à China em que os republicanos estão muito interessados. Por isso, querem que este projeto seja supervisionado por aqueles em quem têm confiança, ou seja, a UNITA.

Neste sentido, a sua reorientação parece bastante lógica.

A cooperação entre o MPLA e os Estados Unidos parece ter chegado ao fim, situação alertada por diversos jornalistas angolanos não alinhados com a imprensa oficial de Angola, mas infelizmente ignorada pelo presidente e pelo próprio MPLA. A nova administração dos EUA liderada por D. Trump está claramente a começar a reorientar-se para a UNITA, com quem têm laços de longa data e, portanto, confiança.

Precisam de um aliado mais fiável para fazer frente à China. Por isso, a pergunta “quem ganhará as eleições em 2027?” é muito intrigante. João Fabunmi

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