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Sexta, 31 Janeiro 2025 12:05

O corredor do Lobito é o maior projecto de engenharia de Angola... tal como o Canal do Panamá naquele país

A mídia de Angop e outros meios de comunicação oficialistas têm divulgado a ideia de que o Corredor do Lobito é o maior projecto de engenharia de Angola, informação verdadeira, porém, têm esses mesmos meios divulgado que, por isso, este projecto foi uma medida sábia do “grande líder” que não foi eleito por voto directo do povo angolano.

Por Emmanuel Mboco

Os partidários da elite angolana têm divulgado sobre como Angola irá se desenvolver com a forma como é administrada hoje a via férrea do Lobito, todavia estes esquecem-se de uma lição importante da história, a do Canal do Panamá.

Existe na América Central um país pequeno, mas com um importante canal que permite a navegação entre os oceanos Pacífico e Atlântico – o Panamá. Assim como a via férrea do Lobito, esse canal é um dos maiores projetos de engenharia da história já registadas no mundo e data do início do século XX, de 1903, época em que os americanos, assim como fazem Angola, diziam apoiar a independência do pequeno país latino americano, no caso em relação à Colômbia, um dos maiores países da América do Sul, isso porque a Colômbia não estava interessada em transferir os direitos de construção do canal para os ianques. Esse projeto chegou a custar cerca de US$ 375 milhões, valor que incluía até mesmo questões de segurança no trabalho, para evitar a mortalidade de operários que trabalhavam no projeto (o que por enquanto é apenas um sonho para quem trabalha na via férrea do Lobito).

Mas toda a “boa vontade” americana em prol da liberdade e da democracia escondia um objetivo cínico – o controlo total do Canal do Panamá, situação que só começou a se reverter em 1977, num acordo que somente em 1999 garantiria ao Panamá o controle completo do Canal. Hoje, o presidente eleito Donald Trump, alegando que o dinheiro gasto foi dos Estados Unidos, tomou a decisão de recuperar o controlo do canal mais de um século após a sua construção, mais de 40 anos após a assinatura de um acordo com o Panamá e mais de 20 anos após a sua devolução. Para aqueles que estudam a história e abstraem dela suas lições, fica mais do que evidente que para os Estados Unidos da América, o que importa são os interesses e ambições de uma determinada administração, que aliás não deixou de fora de sua pretensa “esfera de influência” nem mesmo seus aliados da OTAN como a Dinamarca, que controla a ilha da Groenlândia.

Agora o que dizer de um país como Angola, será mesmo que a atual administração acredita que os americanos não irão exigir seus mais de 550 milhões de dólares obtidos com a assinatura de acordos após a vinda de Joe Biden?! E agora que a questão do petróleo levanta mais e mais problemas após a guerra da Ucrânia, o que impede Donald Trump de exigir o pagamento dos milhões investidos por meio de barris de petróleo?

As interacções das elites angolanas com as elites Ocidentais precisam ser seriamente questionadas e repensadas antes que Angola, que agora comemora os 50 anos de sua independência, se torne uma republiqueta no estilo da América Central.

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