Quinta, 28 de Março de 2024
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Segunda, 01 Mai 2023 23:03

A UNITA não possui qualquer vocação para ser muleta de amparo, para manter o MPLA no poder.

O MPLA atravessa a sua pior crise existencial, desde que se tornou poder em 1975. A crise é de tal maneira alarmante, que levou o deputado Fontes Pereira, presidente da bancada do MPLA, a apelar para um diálogo aberto e profundo com a UNITA.

A UNITA respondeu rapidamente, dando a conhecer em conferência de imprensa, lembrando ao MPLA, que todas as diferenças que existiam entre os dois antigos beligerantes, já se haviam esgotado nos diferentes acordos de paz rubricados entre os dois partidos, acordos esses, que trouxeram a paz bélica para os angolanos.

Logo, o problema do MPLA não é com a UNITA e sim com o povo angolano por ele explorado até a medula. Essa situação criada pelo MPLA, terá que ser mesmo resolvida entre o MPLA e o povo, pois, não pôde agora o MPLA desejar repartir responsabilidades com a UNITA, o seu mau desempenho e fracasso, que se transformou a sua (des)governação dos últimos seis anos.

A UNITA não pôde esquecer a forma como foi decapitada a sua direção em 1992, também não tem como passar um borrão por cima do assassinato encomendado do dr Jonas Malheiro Savimbi, líder fundador da UNITA, tão pouco deve descorar as mortes de dirigentes de craveira da UNITA, que a todo momento estranhamente acontecem com periodicidade regular.

Por outra, é digno clarificar, que a UNITA de hoje não é a mesma de 2002, a UNITA conduzida pelo engenheiro Adalberto Costa Júnior, tem um acordo feito com a maior fatia da população angolana, para justos lutar pela obtenção do poder político e sobretudo o de promover no país, um verdadeiro estado de direito democrático, onde a democracia pluralista seja de facto representativa. O acordado entre a UNITA e maioria do povo, é um dos factores impeditivo da UNITA não se permitir servir de muleta para ajudar a manter o MPLA no poder.

A UNITA é hoje uma organização política muito popular, com uma direção visionária, preparada para ser poder. O partido que sustenta o regime há quase meio século, passa por profundas turbulências incessantes internas há cerca de seis anos, essa situação criou mazelas internas do partido e em toda extensão da sociedade. Dia após dia, o MPLA tem vindo a perder quase toda a sua credibilidade, nos últimos cinco anos, o MPLA tem decaído por mérito próprio.

A incapacidade das lideranças do partido no poder de perceber o momento certo de introduzir novas políticas públicas inclusivas e sobretudo, as motivações dúbias de não aceitar participar no jogo democrático, e para piorar ainda mais, o partido perdeu o tino e tornou-se o campeão de roubo de eleições.

Só que, hoje existem provas do roubo eleitoral promovido pela direção do MPLA em agosto de 2022, essa situação tem fragilizado emocionalmente o partido da situação, ao ponto de não conseguir operar no país, uma transição política e administrativa para 2027. O que se nota, é a vontade do presidente do MPLA desejar permanecer a qualquer preço no poder. Apercebendo-se do mau momento que o MPLA atravessa em todos os quadrantes da sociedade, vendo a sua impopularidade galopar a índices inimagináveis, inclusive, impopularidade essa, que levou o povo perder o respeito pelo presidente e também perder o medo de ser preso, preferindo até mesmo morrer a lutar em defesa dos direitos inalienáveis para exercitar a sua cidadania em liberdade e plenitude. Essa peleja desigual, somada a tentativa fracassada de impedir os ativistas de se manifestarem, foram alguns dos mil e um motivos que levaram o MPLA apelar para o diálogo com o interlocutor errado.

Toda confusão acontece, porque existe uma péssima gestão da coisa pública. Também é percetível o desgaste do partido junto da sociedade, mas também se denota uma angustiante perda de prestígio do presidente do partido e da república, que aliás, atingiu o zero.

A descrença dos cidadãos é tal, que se faz sentir e ouvir lamurias em todos os espaços da sociedade. O desespero tocou a campainha da porta do orgulhoso regime. O MPLA bateu com os costados no fundo do poço.

A UNITA de doze anos atrás já fez a sua história e morreu, a UNITA renasceu com propósito preponderante de ser poder, ela quer ser poder político, jogando dentro das três regras da constituição. Hoje já não há pão para maluco, o tempo das muletas já era, foi-se, esvaiu-se, o tempo em que a UNITA servia para legitimar o regime terminou faz tempo, o absolutismo do poder do MPLA e salvaguardar dos interesses dos dirigentes donos da terra terá de procurar outros avalistas que o legitimem a ser governo, Eles, o MPLA sabem bem, que os tempos mudaram, igualmente sabem com toda certeza, que se encontram perigosamente em risco de perder o poder.

Por outro lado, a UNITA cresceu, e cresce a cada dia mais e mais, mesmo com a locomoção dos bocas de aluguer trazidos as pressas para Angola, para atropelar as aspirações da UNITA e subverter a verdade política do seu líder, a UNITA cresce em todas as áreas.

Hoje a UNITA é um partido coeso, sério, apesar de não ser um partido sem defeitos e também atravessar problemas vários, ela é uma organização com aspiração clara de ser poder.

E por assim ser, a UNITA não tem inspiração de servir de muleta, para manter o MPLA no poder como já o afirmei.

A ganância, arrogância, a prepotência e o autoritarismo regimental observado na liderança opaca do MPLA, e o apego ao poder pelo poder dos seus dirigentes nada mais é, senão a anunciação do preludio do fim do regime. Outra vertente não menos perigosa é a apetência do enriquecimento rápido, isso sinaliza o fim do regime. Como disse e muito bem o dr Liberty Chiaca, líder do grupo parlamentar da UNITA, quando afirmou jocosamente, que os políticos ministros do MPLA, estão mais ricos que os empresários, isto é, têm mais dinheiro roubado e guardado em constas offshores no exterior do país, que os empobrecidos empresários.

Não existem dúvidas que o partido estado transformou-se numa organização criminosa sem precedentes na nossa história contemporânea. De facto, tem razão uma vez mais o dr Liberty Chiaca, é mesmo com o povo que o MPLA deve direcionar a proposta de diálogo, mas antes terá que soltar o ativista Tanaice Neutro, deixar de perseguir, prender e torturar os ativistas, que se manifestam pacificamente em defesa dos seus interesses.

Hoje posso afirmar sem medo de errar, que demarcação da fronteira, que existe entre a previsível queda do regime e a rasteira ideológica da qual o MPLA padece é deveras ténue. Vamos em frente que atrás vem gente perigosa

Estamos juntos

Por Raúl Diniz

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