Por Lazarino Poulson
A outra conclusão é referente as demais formações políticas— no seu conjunto representam muito pouco (cerca de 3% do eleitorado) e não possuem vitalidade nem dão sinais de progressão para fazer nascer à Terceira Via. Entenda-se Terceira Via a formação política (partido político ou coligação de partidos) com possibilidade real de ascensão ao poder.
Aqui trazidos, coloca-se a questão de saber se é possível emergir em Angola uma Terceira Via? Ou Questionado de outro modo, que atributos deve ter uma Terceira Via em Angola?
A Terceira Via em Angola deve ter, essencialmente, as seguintes características:
1 - Movimento (formação política) integrado e liderado, essencialmente, por jovens (abaixo dos 60 anos). Essa “exigência” é política e não estatutária.
2 - Ter capacidade financeira para, dentre outras, sustentar estruturas administrativas a nível nacional e na diáspora.
3 - A estrutura directiva não deve ser formada por ex-dirigentes dos dois grandes partidos políticos existentes.
4 -Os ex-dirigentes dos dois grandes partidos que a integrarem, até a conquista do poder, só podem fazer parte das estruturas de base e não devem ocupar os lugares elegíveis na lista de Deputados à Assembleia Nacional. Essa “exigência” é política e não estatutária.
5 -. Possuir um programa inovador e virado para o futuro.
6 - Deve apresentar um discurso claro e apelativo, devendo, contudo, actuar na base do efeito surpresa.
7 - Ter capacidade de mobilização progressiva e de diálogo inclusivo.
viu. Possuir desenvoltura diplomática e de conexão com a diáspora.
8 - Dominar as novas tecnologias para efeitos de organização, funcionamento, divulgação e de mobilização.
9 - Ter capacidade de penetração e integração cultural.
A Terceira Via será o divisor de águas entre o antigo e novo. Provocará o rompimento definitivo com a clássica escola da política angolana seguida até aqui pelos partidos tradicionais e pelos seus apêndices e dissidentes.
A Terceira Via vai inaugurar uma nova forma de fazer e de estar política.
Em boa verdade, na política nacional estamos diante daquilo que Milan Kundera apelidou de “insustentável leveza do ser”. Assim, a Terceira Via é a resposta à elevada abstenção eleitoral que “denuncia” o enorme desencanto que grande parte da população angolana tem das actuais forças políticas e reclama por um projecto novo capaz de superar a dúvida shakespeariana — “de ser ou não ser a solução política” dos problemas actuais e com estratégia e energia para projectar e materializar um amanhã melhor?
A Terceira Via, felizmente, não responde com Sócrates — sabe-se que a benfazeja está a caminho. Até lá, alea jact est…