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Segunda, 21 Março 2022 20:35

Anátemas perigosos em “Angola de armas caladas” - Marcolino Moco

Não vou quebrar o compromisso do post anterior, o de falar de tom baixo, para não assustar chamados a participar no “Congresso da Nação”, que eu e outros elementos da sociedade civil, nos propusemos convocar para o fim de maio deste ano.

Por Marcolino Moco

O título deste post, referindo expressamente que o enquadramento se faz na “Angola de armas caladas” é para sugerir que não está em causa o que se passou antes dos acordos de paz de 2002, tempos em que não era realista pensarmos na realização plena de um país justo, porque acolhedor para todos os seus filhos.

A razão deste parlatório é só porque o conteúdo de alguns recados que me vão sendo dirigidos, impõe que mais uma vez se coloquem, como se costuma dizer, os pontos nos i’s e os traços nos t’s, sob o risco de ter razão o que a não tem. Em primeiro lugar, para dizer que quando eu disse, há dias, que, provavelmente, estaríamos perante um “sistema” e não propriamente a maldade pessoal dos dois últimos dois Presidentes Republica, para se observar a via tão absurdamente seguida depois do fim da guerra, as provas não se fizeram esperar, para se manifestarem tão cruamente, como isso. 

Gente encomendada que vive mais permanente, em Portugal ou para lá se pode deslocar muito facilmente, em caso de distúrbios em Angola, como o veteraníssimo jornalista Artur Queirós, vem me dizer, em escritos de rede social, que eu, MM, seu amigo de longa data, estou a ser “traidor” em relação ao MPLA. Anátema muito grave, que já foi dirigido a famosos “contribais” meus como Chipenda e Savimbi, em tempos que já devíamos ver enterrados.

E apresenta as razões: porque na entrevista há dias dada à Rádio Eclésia critiquei o PR, o que ele acha “um insulto” (isso para sensibilizar pessoas com dificuldades de interpretação da linguagem – aliás diz também que insultei a Presidente do TC) visto que fomos companheiros no “glorioso”, nos anos 80 e 90 do século passado. Com o coração compungido, chama-me atenção que está UNITA de hoje é a mesma que raptou e fez desaparecer meu irmão (1993-29 anos) e me atacou em casa no Huambo (1984-38 anos).

Acto contínuo, outras pessoas famosas, mas ainda em fase de jovens turcos, que não vou nomear porque o fazem por via de mensagens pessoais, inundam-me os correios com essas declarações do meu amigo Artur, para acrescentarem que eu estou a passar dos limites. Já lhes respondi que quem, realmente, já passou dos limites são eles que não têm a coragem de apontar quem, efectivamente, está a ultrapassá-los, ao bloquear todos as passagens para saltarmos para a outra margem: a da concórdia nacional e do desenvolvimento, num país com tantos recursos.

Ouvindo este lúgubre canto de séria, de quem não estará cá na hora do regresso ao passado. Ah, Artur, meu irmão, realmente partimos juntos na nascente do Kwanza, em Chitembo, no Bié. Caminhando pelo leito do maior e mais inteiramente rio angolano, tu ficaste na primeira cascata, de onde vais gritando teus impropérios, a pensar que já chegaste ao mar.

viste ainda as grandes barragens construídas à jusante, que eu já ultrapassei há muito. Ainda não cheguei ao mar, mas estou quase, quase a chegar à imponência das águas do rio, na Quissama. Vou pedir à FA para que um helicóptero te vá apanhar e me encontres já depois da ponte, na Barra do Kwanza.

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