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Sábado, 05 Fevereiro 2022 11:44

A Polémica sobre o inicio da Guerra Colonial: 4 de Fevereiro vs 15 de Março ?

Um dos sintomas do baixo nível do discurso político de Angola, esta nesta luta para saber “quem iniciou a guerra contra o colono”, pois se assume que quem iniciou a luta teria legitimidade para governar.

Como se fosse um cheque eterno que da direitos no presente, por conta de feitos do passado ou qualidades imutáveis como a pertença tribal, independentemente das suas capacidades atuais. O que importa é de saber quem tem atualmente a capacidade e legitimidade para Governar Angola.

Insistir no eufemismo de “Luta Armada” para tentar escapar do facto que a guerra iniciou no 15 de Março, com chegada do Contingente Expedicionário Português para por fim aos massacres e a campanha de terror da UPA no Norte, como se pode ler no livro “Angola Heroica, 120 dias com os nossos Soldados [Portugueses] no Congo”, de Artur Maciel, apenas para evitar dar protagonismo a FNLA, mostra apenas que temos uma cultura política primitiva que recusa a nuance, quer adaptar os factos ao nossos interesses. Trata-se de uma tendência a historio-Génesis, em que só nos sentimos bem se a historia eterna da humanidade culmina em nos e nossa causa.

Deveríamos mudar , e retirar o elemento emotivo e de direito por conta de qualidades imutáveis, qualidades de culturas do ócio que desejam ter sem trabalhar, e adoptar elemento de meritocracia reconhecendo o mérito do vitorioso, mesmo que não gostamos dele, apenas por ser verdade.

A verdade deve ser o critério, ao invés da utilidade dos eventos para nossa causa política. Os Oposicionistas tem a mesma tendência, embriagados pela certeza que lutam por uma “Causa Nobre”, criam uma contra narrativa a seu favor, perpetuando, em novas roupas, o erro.

Infelizmente temos o preconceito que apenas o partido no Poder tem a pratica de manipular os eventos para criar propaganda positiva, como na Alegoria da Caverna, porem os Oposicionistas também fazem contra manipulação, e ao invés de sairmos ao sol para ver a realidade, saímos de um teatro de sombras para outro, com mitologias sobre a inocência Virginal do Nito Alves, que foi um massacre unilateral e negando o Golpe de Estado Nitista ou fingindo, como advertiu o Justino de Andrade em uma palestra sobre o 27 de maio, que se interrompeu uma revolução democrática, impossível no contexto histórico de 1977. Os gritos de denuncia a fraude eleitoral quando o MPLA tem mais que 1% dos votos, ou a Angelização do Jonas Savimbi são outros exemplos desta pratica perniciosa.
Sejamos adultos, o mundo será sempre composto do Bem e do Mal, quem se apresenta como o eterno representante imaculado do Bom deveria ser sempre alvo de suspeita.

Tendo escrito isto tudo, ainda assim aprecio que o MPLA tenha escolhido um acto militar, tomar de assalto uma cadeia para libertar presos, para marcar o inicio da guerra colonial do que o massacre de civis indefesos, brancos e negros, um acto de cobardia vergonhoso aos olhos do mundo e da historia. A nossa anseio de criticar deve nos cegar aos bons feitos de nossas vitimas?

Por Samuel PG Amaral

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