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Terça, 09 Setembro 2014 22:40

"Robert Mugabe, na sua “roupeta” rácica"

Mugabe não gosta de homossexuais e de brancos. Diz-se que são coisas da sua grande idade; no pós Lancaster House, era tido como homem prudente e sensato – algo a que muito ficou a dever a perdida prosperidade e a harmonia social no Zimbabué.

Ao que parece ciente de que as suas manifestações homofóbicas provocavam a ira dos poderosos lóbis gays, deixou em tempos de os injuriar, perseguir ou mesmo esbulhar. Ou simplesmente de lhes mandar queimar os pavilhões que costumavam montar na feira de Bulawayo.

A ideia, provinda do próprio ou incutida por outros, não se sabe ao certo, de que o seu activismo anti-gay foi a causa principal da pressão externa a que ele e o seu regime se começaram a expôr, causando-lhe extensos danos, chegou para pôr definitiavemte para arrumar o “négócio” (como diz brasileiro).

As suas inclinações anti-branco, essas, porém, continuam. A última, de há poucos dias, consistiu em proclamar que os brancos zimbabueanos (alguns deles descendentes de outros, em 2ª ou 3ª geração), deveriam pôr-se a andar para a Grã-Bretanha. É lá a terra dos brancos – e não importa que tenham menos afinidades com os brancos britânicos do que têm com os negros zimbabweanos.

Do mesmo modo que ficou a saber que a sua cólera contra os homossexuais se paga caro, inriga que ninguém preste a menor atenção aos seus exacerbados sentimentos anti-branco. Pode malhar à vontade. O que a União Europeia quer saber é se o Zimbabué e outros Estados africanos com políticas equivalentes já emendaram o seu homofobismo.

É este o mundo dos nossos dias. Um mundo estranho.Pode-se zurzir nos cristãos – mas não nos islamistas; na extrema-direita, mas nunca na que lhe está nos antípodas, a extrema-esquerda, que, aliás, nem convém seja tratada assim; nos defensores dos valores da família – mas não nos que propugnam, subliminarmente ou não, pela sua desintegração.E quanto aos brancos que Mugabe ataca, acresce que não são brancos iguais aos outros. São reminiscências dessas tenebrosas criaturas, os colonos, que em tempos andaram por África.

Um mundo assim, tão desequilibrado e hipócrita, é um mundo injusto e perigoso. Ou simplesmente toldado por uma cegueira que se costuma pagar caro, como avisava Besançon.

Por Xavier de Figueiredo

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