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Sábado, 15 Fevereiro 2020 15:56

Ricardo Machado, quase “Esperto” e Burlão Português em Angola

O nome de Ricardo Filomeno Duarte Leitão Machado pode não dizer nada à primeira leitura, mas nos meios empresariais, quer em Angola, quer em Portugal, este cidadão luso, amigo do ex-marido de Tchizé dos Santos, é conhecido por estar ligado a histórias rocambolescas que lhe rendem, bem como aos seus cúmplices, centenas de milhões de euros e dólares americanos.

Das compras de turbinas eléctricas de energia e de locomotivas, que não são entregues na totalidade e são sobrefacturadas, à falsificação de documentos, passando por negociatas com tractores, este cidadão só tem igual no vigarista que enganou Portugal no início do século XX e que dava pelo nome de Artur Virgílio Alves Reis.

Em Portugal, a coisa foi de pequena monta e Ricardo Machado foi o pivot principal de uma venda de “tractores”, ocorrida no início da década passada, que envolveu a Federação dos Produtores Florestais e o Fundo Florestal Permanente. Sentindo-se pouco confortável em Portugal, eis que o nosso agrónomo ruma a Angola, à procura de salvação e de riqueza.

Agrónomo de formação, entrou em Angola alavancado na amizade que tinha com o ex-marido de Tchizé dos Santos, Hugo Nobre Pêgo, e, do nada, fundou a empresa AENERGIA SA, que, em pouco tempo e sem experiência comprovada ou obra feita, assinou contratos bilionários com o Ministério dos Transportes e com o Ministério da Energia e Águas de Angola.

O grande e vergonhoso negócio, agora abortado por ordem do Presidente da República, João Lourenço, teve a ver com a compra de turbinas eléctricas de energia à multinacional General Electric (GE), negócio de cerca de 1,1 biliões (mil milhões) de USD, que deveria permitir o reforço da capacidade de produção de energia em Angola, para que o Estado melhor pudesse servir o povo angolano.

Ao que soubemos, Ricardo Machado não se daria por satisfeito com as chorudas comissões que iria receber e engendrou um esquema de sobrefacturação dos fornecimentos das referidas turbinas e de falsificação de documentos, ao mesmo tempo que tentava ludibriar o Estado angolano com a venda de turbinas adicionais que, pasme-se, Angola já tinha comprado.

Descoberto o esquema, o Estado angolano, por recomendação do Ministério responsável pela energia e águas, procedeu à rescisão unilateral dos contratos com a AENERGIA SA, por Decreto Presidencial n.º 155/19 de 23 de Agosto, invocando a violação dos princípios da confiança e boa-fé entre as partes. Em Setembro de 2019, o Ministério enviou à Procuradoria Geral da República uma exposição sobre a matéria para que aja em conformidade e que permita o arresto imediato dos bens em causa. É Claro que Ricardo Machado não agiu só e teve a cumplicidade de alguns angolanos, ainda a viver de vícios do passado e até de um falso angolano, destacado empregado da GE em Angola.

Mas o “esperto” Ricardo Machado , talvez para fazer uma homenagem a Alves Reis, que, recorde-se, também fez fortuna a roubar em Angola no tempo colonial, meteu-se em mais dois ou três negócios, em 2015, como o das locomotivas da GE que foram vendidas duas vezes e que renderam ao Ricardo e à sua AENERGIA SA uma comissão de quase 100 milhões de dólares, o que corresponde a 22% do valor total dos contratos. Curiosamente, a AENERGIA SA apenas tinha entregue no final de 2019, 79 das 100 locomotivas previstas.

Fazendo-se passar por “… um grande amigo de Hugo André Nobre Pêgo, marido da Welwitschia José dos Santos, a segunda filha do ex-presidente”, Ricardo Machado foi fazendo as suas negociatas, mas foi apanhado. Esqueceu-se que, em Angola, “Esperto só almoça”! A atenta acção do Ministério e a rapidez do decreto presidencial impediram o pior.

O que se deseja é que a Procuradoria Geral investigue este assunto a fundo e, como os Angolanos não são xenófobos, quem quer que seja culpado, português, angolano, filipino ou americano, sofra as consequências de tentar delapidar o património do estado.

Jornal de Angola

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