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Quinta, 02 Mai 2019 11:59

Distracções populistas para não se prestar contas ao soberano?

Já estamos em Maio. No próximo mês, depois de 31 dias, estaremos no meio do ano (Junho de 2019) no segundo ano de mandato do Governo liderado por João Lourenço. No tempo das detenções e prisões, tínhamos alertado que o mais importante para nós não era aquele show off .

Tínhamos alertado que todo o show off de detenções de supostos "marimbondos" não devia ser o foco da "nova Angola", uma vez que não víamos (e continuamos a não ver) dirigentes no MPLA com autoridade moral para combater a corrupção, começando no próprio presidente da República João Lourenço que até hoje não explicou ao país a razão de o seu nome estar em notícias que dão conta do seu envolvimento no buraco financeiro que vitimou o extinto Banco BESA, para além de supostamente ter acções em outros bancos.

Aconselhámos que o melhor era agregar os que já tinham poder financeiro para alavancarmos a economia de Angola em vários domínios. Há muitos países no mundo que tiveram de crescer com riquezas pouco claras dos seus concidadãos. Os Estados Unidos são um exemplo. Os Emirados Árabes Unidos são outro exemplo. Eles olharam para a frente, não olharam para trás. Angola não seria o primeiro caso, pois o mal já estava feito.

A estratégia do MPLA foi outra. E nós já sabíamos que era errada. Se o MPLA diz pretender moralizar a sociedade, João Lourenço, presidente do MPLA, devia ser o primeiro a explicar como o seu nome está em escândalos financeiros para mostrar a sua verticalidade e transparência durante o tempo em que foi gestor público, antes de se tornar PR.

E hoje não presta contas porquê? O fogo das detenções dos tais marimbondos parece já estar extinto. Estamos a praticamente um ano e meio de mandato de João Lourenço e nenhum angolano sabe quais os reais dinheiros que supostamente terão entrado para os cofres do Estado, tanto da recuperação do que se tinha desviado ilicitamente, quanto das actuais receitas a favor do Estado (supostamente para todos nós angolanos), uma vez que o preço do barril de petróleo registou um aumento nos últimos dias. E tem tendências a subir. Só para lembrar que as receitas provenientes do petróleo são contabilizadas diariamente. O acórdão que impede o Parlamento de fiscalizar as acções do Executivo continua intacto. A proibição de fiscalização continua.

Nisto deve haver separação de poderes, noutros aspectos, como é o caso de Manuel Vicente, em que o procurador-geral da República, na última entrevista à TPA, não conseguiu acrescentar nada que explicasse em que ponto está a tal investigação forçada a vir para Angola, já não há separação de poderes! E o mais engraçado nisto tudo é que estamos a bater "palmas de humanismo" por uma mera visita de JLo a Chivukuvuku. Nós somos tão ingénuos, que nos deixamos levar por meras políticas populistas do Executivo. A água que chega às nossas casas (se chegar) está com cada vez menos qualidade. As nossas esposas, mães e irmãs estão a apanhar sempre infecção urinária por causa da água.

Agora alguns até estão a comprar água purificada ou mineral para as senhoras usarem no banho, para se evitar doenças. E de quem são as empresas que "produzem" água purificada e mineral? Já não temos água de qualidade para beber, agora temos de comprar água todos os dias para beber e para o banho das senhoras! Até que ponto chegámos! Em muitas zonas ainda não temos luz, em pleno século XXI, e estamos a dar show em Moçambique, com transmissão em directo, com demonstração de força, de pompas e circunstâncias, para mostrar que Angola é um país rico!

Os preços gerais da economia estão a subir, há pobreza extrema no país (mesmo que o Executivo não assuma), Cunene vive a mesma situação da seca, de sempre, e o Executivo prepara-se para fazer uma proposta de um OGE rectificativo em baixa! Nós temos mesmo alguma coisa na cabeça? Ou seja, estamos a bater palmas para distracções do Executivo, quando devíamos exigir maior qualidade de vida dos angolanos, pois as receitas que o nosso país arrecada serve muito bem para vivermos todos (absolutamente todos) com qualidade.

As nossas palmas deviam servir para incentivar o Executivo a gerir a coisa pública com transparência, com prestação de contas regulares ao povo angolano, o que não acontecia no passado, e não para incentivar práticas populistas que não mudam rigorosamente nada na nossa vida.

Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)

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