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Quinta, 27 Junho 2024 13:38

UNITA diz que divisão de Luanda é “manobra” para distrair da crise interna no MPLA

O grupo parlamentar da UNITA (oposição angolana) criticou hoje a proposta de divisão da província de Luanda, que considerou “uma manobra” do MPLA para distrair as atenções da crise interna e má governação do Presidente angolano.

Numa conferência de imprensa em que o foco foi o MPLA e o seu líder, e também chefe de Estado, João Lourenço, o presidente da bancada parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, exortou os angolanos a não se distraírem e considerou que o congresso extraordinário convocado pelo partido do regime para dezembro servirá para eleger um novo presidente do MPLA.

O dirigente afirmou que o parlamento angolano devia estar nesta altura a preparar-se para debater e aprovar a restante legislação do pacote autárquico e que o tema da divisão de Luanda “constitui uma manobra dilatória para distrair os angolanos da crise interna do MPLA”.

Não é uma questão importante, urgente ou necessária e não deve preocupar as pessoas, não tem impacto na resolução da crise que o país vive”, disse, a propósito da proposta apresentada pelo MPLA, na semana passada, altura em que foi também anunciado um congresso extraordinário para comemorar 50 Anos de independência.

No mês passado, o porta-voz do MPLA, partido que governa Angola desde a Independência, em 1975, tinha descartado a realização de um congresso extraordinário dizendo que não constava da agenda política para este ano.

Para Liberty Chiaka, o que está em causa é “a crise de liderança que o partido-Estado atravessa e a grave crise do país”, acusando o Presidente de transformar o Estado angolano em agente corruptor, que promove e alimenta a corrupção, apontando como efeitos uma crise social “catastrófica”, a inflação descontrolada e níveis de pobreza sem precedentes.

O deputado da UNITA acusou João Lourenço de ser o único responsável político pela crise geral de governação que o país vive, com destaque para o desemprego, fome e aumento insustentável dos preços e da dívida publica.

Lembrou que a UNITA apresentou um requerimento de destituição do chefe de Estado que deu origem a um “contencioso parlamentar” que aguarda desfecho no Tribunal Constitucional, mostrando-se convicto de que muitos dirigentes do MPLA leram também o documento e “sentem que o Presidente da República precisa de ser travado para não continuar a afundar o país”.

Considerou, por isso, que o congresso extraordinário servirá para eleger um novo presidente para o MPLA, questionando “como será a coabitação” com o Presidente de Angola e que João Lourenço pode terminar o seu mandato antes do tempo.

Sobre a divisão político administrativa do país e a criação de nova províncias, passando das atuais 18 para 20 (ou 21, tendo em conta a nova proposta de divisão da província que alberga a capital, Luanda) disse não ter dúvidas de que se trata de um ”expediente eleitoral” e de “sobrevivência política”, tendo em conta a tendência de decréscimo de votos no MPLA, que perdeu em Luanda em 2022, nas últimas eleições gerais.

Questionado sobre se a direção da UNITA mantêm conversas com dirigentes do MPLA, disse que falam “com todos os angolanos” e que “ninguém está satisfeito com o estado que Angola vive”.

“Todos nós sabemos que há muita insatisfação, os atos do MPLA falam por si”, frisou.

Quanto à possibilidade de deputados da UNITA votarem favoravelmente uma alteração à Constituição que viabilize um terceiro mandato de João Lourenço, Chiaka negou esta possibilidade, realçando que os angolanos se devem preparar para uma “transição pacífica e ordeira no quadro de uma governação inclusiva e participativa”.

O dirigente afirmou ainda que a “ditadura” de João Lourenço é pior do que a que se viveu nos anos do anterior Presidente, Jose Eduardo dos Santos, que liderou Angola durante 38 anos, e que os angolanos nunca sofreram tanto de fome.

É nisso que dá roubar as eleições, Deus está a castigar quem faz fraude eleitoral, mas todos estamos a sofrer”, complementou.

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