"Na sequência da recente intensificação dos combates no leste da República Democrática do Congo, a África do Sul perdeu 13 corajosos soldados que estavam dedicados à sua missão e empenhados na paz", começou por dizer Cyril Ramaphosa.
"Os combates são o resultado de uma escalada do grupo rebelde M23 [Movimento 23 de Março] e das milícias das Forças de Defesa do Ruanda (FAR), que estão a enfrentar as Forças Armadas da RDCongo (FARDC) e a atacar as forças de manutenção da paz da Missão da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] na República Democrática do Congo (SAMIDRC)", prosseguiu.
Ramaphosa indicou ainda que, em nome do Governo, e do povo sul-africano, exprime as "mais sinceras condolências às famílias, aos entes queridos e aos colegas" dos militares, cujos restos mortais vão ser repatriados, e assegurou que está a ser dado "todo o apoio necessário" às famílias das vítimas.
"Os ataques contra as forças de manutenção da paz resultaram na morte de membros da SAMIDRC de outros países que contribuíram com tropas, nomeadamente o Malaui e a Tanzânia, bem como de membros da brigada da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na RDCongo (MONUSCO)", indicou.
A situação em Goma, capital de Kivu do Norte, e Sake, onde estão tropas sul-africanas, continua "muito tensa, volátil e imprevisível", frisou. "A presença militar da África do Sul no leste da RDCongo não é uma declaração de guerra contra qualquer país ou Estado.
Os membros da Força de Defesa Nacional Sul-Africana (SANDF), que se encontram na RDCongo, fazem parte dos esforços da SADC e das Nações Unidas para trazer a paz e proteger milhares de vidas que estão constantemente ameaçadas pelo conflito neste país", declarou.
O chefe de Estado congratulou ainda o Conselho de Segurança das Nações Unidas por apelar ao fim imediato das hostilidades em curso e à retirada das forças externas do país.
"A integridade territorial da RDCongo [país vizinho de Angola] deve ser respeitada, em conformidade com a Carta das Nações Unidas sobre o respeito da soberania, da integridade territorial e da independência política dos outros Estados", frisou. Ramaphosa apelou a todas as partes do conflito que aceitem os atuais esforços diplomáticos para que se encontre uma solução pacífica, nomeadamente o cumprimento dos acordos do Processo de Luanda.
"Temos de silenciar as armas no nosso continente para alcançarmos o desenvolvimento inclusivo e a prosperidade", concluiu o Presidente da África do Sul, país que faz fronteira com Moçambique.
Também hoje foi anunciado por Kigali que dezenas de soldados romenos, de uma empresa militar privada que opera no leste da RDCongo, atravessaram a fronteira com o Ruanda para se entregarem às autoridades.
Uma longa fila de homens vestidos à civil entraram em território ruandês, a pé, pelo posto fronteiriço de Gisenyi, segundo noticiou a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Não estávamos em campo de batalha, estávamos lá para treinar e ajudar na artilharia", disse à AFP um dos paramilitares, que se apresentou como Emil.
O Ministério da Defesa ruandês confirmou esta rendição hoje no X, citando a ida de "280 mercenários romenos" para Kigali. Na Roménia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros comunicou a "retirada em curso" dos seus cidadãos, prometendo tomar todas as medidas para "os tirar de perigo", sendo que pelo menos quatro ficaram feridos, segundo o chefe da empresa, Constantin Remonte.
O M23 e o exército ruandês ocupam agora quase todo o centro e os subúrbios da cidade de Goma, de onde expulsaram o exército congolês e as milícias aliadas em dois dias.