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Quarta, 26 Junho 2024 15:02

Presidente do Quênia cede à pressão e desiste de plano de impostos após violência: 'O povo falou'

O presidente do Quênia, William Ruto, declarou, nesta quarta-feira, que o controverso projeto de lei que prevê o aumento dos impostos "será suspenso" e provocou uma onda de protestos pelo país na última semana.

O recuo ocorre no dia seguinte aos protestos que deixaram ao menos 13 pessoas mortas, em uma atualização da Associação Médica do Quênia mais cedo, e levaram à invasão e saque do Parlamento por manifestantes.

— Eu reconheço e, por isso, não vou assinar a lei das finanças de 2024 e ela será subsequentemente retirada — afirmou Ruto durante uma entrevista coletiva nesta quarta-feira. — O povo falou.

O presidente advertiu, porém, que o descarte do projeto de lei significaria um déficit significativo no financiamento de programas de desenvolvimento projetados para ajudar agricultores e professores, entre outros, enquanto o país luta para reduzir seu fardo da dívida externa de US$ 78 bilhões, que equivale a 68% do PIB — muito acima dos 55% recomendados pelo Banco Mundial.

O Projeto de Lei Financeira 2024, apresentado em maio, pretendia arrecadar US$ 2,7 bilhões de impostos adicionais, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) condicionou a liberação de mais financiamento ao cumprimento de metas de receita. Mas, suas disposições foram sentidas como encargos adicionais por uma população frustrada com um elevado custo de vida.

Liderado pelos mais jovens, os protestos começaram há oito dias, em grande parte pacíficos. Tomados de surpresa pela intensidade da oposição e pressionado pelas manifestações, o governo chegou a abandonar trechos controversos. Mas não bastou para aplacar os manifestantes, que exigiam a suspensão total do texto.

As manifestações escalaram com a aprovação da medida pelos legisladores na terça-feira. Em Nairóbi, a polícia disparou tiros com munição real contra a multidão, que invadiu o Parlamento e saqueou o complexo. A Associação Médica do país fala em 13 mortos, mas alertou que "este não é o número final". Já a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia fala em 22 mortes, incluindo 19 em Nairóbi.

Novas manifestações foram convocadas para quinta-feira pela jornalista e ativista Hanifa Adan nesta quarta, mas dessa vez em memória dos mortos. "Não os esqueceremos!", escreveu na rede social X (antigo Twitter). AFP

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