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Quarta, 20 Dezembro 2023 08:42

Presidente da RDCongo procura hoje reeleição em clima de forte tensão

A República Democrática do Congo (RDCongo) realiza hoje quatro eleições, em clima de tensão e violência crescentes, com Félix Tshisekedi, atual Presidente, a figurar como o candidato melhor colocado para vencer a eleição presidencial.

O número de candidatos às quatro eleições – presidenciais, legislativas (nacionais e municipais) e conselheiros comunais - que decorrem hoje no maior país da África Austral, com fronteira com Angola, chega quase aos 100.000, o triplo em relação às últimas eleições de 2018, segundo a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), que registou quase 44 milhões de eleitores, incluindo de vários países da diáspora.

O atual chefe de Estado é o candidato melhor colocado para vencer a principal corrida, a das presidenciais, segundo os analistas contactados pela Lusa.

O desempenho da CENI, liderada por Denis Kadima Kazadi, uma personagem da confiança de Tshisekedi, será particularmente escrutinado, em especial pelos bispos congoleses reunidos na Conferência Episcopal Nacional da República Democrática do Congo (CENCO) e os líderes da Igreja de Cristo no Congo (ECC), que desta vez ameaçam divulgar os resultados recolhidos pelos seus próprios observadores às eleições, caso se repita um cenário semelhante a 2018.

Entre os principais adversários de Tshisekedi estão Martin Fayulu, o político que lidera a coligação Lamuka ("Acorda", em lingala) e que terá sido o vencedor legítimo das eleições presidenciais de 2018 - mas foi dado como segundo candidato mais votado pelos resultados oficiais, e Moisë Katumbi líder do Juntos pela República (EPR), um empresário rico, antigo governador da província de Catanga.

Denis Mukwege, médico, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2018 pelo seu trabalho com mulheres sobreviventes de violações na RDCongo, é conhecido internacionalmente, mas quase desconhecido no seu país, também se apresentou a estas presidenciais.

Uma forte crise de custo de vida, corrupção e a insegurança marcam o dia-a-dia de cerca de 100 milhões de habitantes de um país com a dimensão da Europa Ocidental.

Dois terços da população vivem atualmente abaixo do limiar de pobreza extrema absoluta (definido pelo Banco Mundial em 2,15 dólares por dia ou menos), e os conflitos no país continuam a expandir-se, protagonizado por grupos rebeldes como o M23; ADF (Forças Democráticas Aliadas, um grupo armado islamista que opera no Uganda e na RDCongo), ou a Codeco - Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo.

Em resultado da violência, a RDCongo tem o maior número de pessoas deslocadas internamente do mundo.

Neste contexto, é particularmente significativa a retirada recente do país dos soldados quenianos da força regional da Comunidade da África Oriental (EAC-RF), assim como os 19.815 militares, 760 observadores militares e 1.400 polícias da Missão de Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco), ambas exigidas por Kinshasa.

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