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Terça, 07 Julho 2020 23:11

Diplomacia e Espionagem: o perigo de empregar cidadãos estrangeiros nas Embaixadas angolanas

As instituições diplomáticas angolanas e os seus respectivos diplomatas impressionam tanto pela negativa: no mal funcionamento, na exibição material (carros, roupas, festas e actividades caras), mostram boas aparências em quase tudo.

Portanto projectos significativos a favor das suas próprias comunidades não conseguem fazer, estão sempre bem vestidos e engravatados mas ideias inovativas nada, competência nada, responsabilidade nada, qualificação nada, dinamismo nada, debates e encontros científicos com os angolanos nada, empregar o angolano nada, mas empregam estrangeiros dentro das nossas próprias Embaixadas e Consulados sem terem a noção das consequências e do perigo que isso pode causar.

A falta de patriotismo e de valorização do próprio cidadão nacional por parte dos nossos representantes diplomáticos causa descontentamento e mal estar entre os angolanos, esses sentem-se ignorados, desprezados e pisados ao pescoço pelos próprios embaixadores e diplomatas por não fazerem nada de positivo a favor do seu povo.

Nas Embaixadas e nos Consulados angolanos é muito comum encontrar por lá mestiços e brancos estrangeiros, esses tais comportam-se tal igual como os nossos diplomatas, todos arrogantes e anti éticos, não atendem com profissionalidade o filho da Terra, agem negativamente, e passam a impressão de que, têm autoridades para tratar como bem entenderem o angolano que for pra lá tratar documentos ou uma outra coisa.

Essa proliferação de trabalhadores “não nacionais” dentro das nossas missões diplomáticas, por mais que os nossos representantes (diplomatas) não levam isso muito a sério, é um atentado à segurança das nossas próprias embaixadas, sendo assim é um atentado à segurança nacional por causa da espionagem. A espionagem foi e é um elemento essencial e constante dentro e em volta do coração de toda a diplomacia.

Na arena internacional os Estados livres e independentes são os sujeitos primários da Comunidade internacional e do Direito internacional, nesta senda de vários interesses e de complexidade política existem àqueles Estados que tentam sobrepor-se aos outros Estados, usando todas as suas influências (aliados), capacidade, hegemonia político-econômica e supremacia técno-militar, isso envolve também espionar as pequenas e as grandes nações, em prol do seu domínio e controlo político-estratégico.

Angola não é um País tecnológico, Angola não é uma potência e as nossas instituições diplomáticas são vulneráveis demais à espionagens. Só pra dar um exemplo concreto, países como EUA, Rússia, China, Israel entre outros países, na prática já nem precisam estar dentro do seu Território para saberem o que fazes e o que dizes, as suas altas tecnologias, sistemas de escutas, satélites de imagens, radares, satélites militares entre outros aparelhos propícios à espionagem permite-os de acompanhar todos os seus passos seja lá onde vocês estiverem, ao mesmo tempo usam agentes especiais e disfarçados no terreno, sendo assim, essa constante empregabilidade de cidadãos não angolanos nas nossas embaixadas e consulados permite/facilita colectar informações, permite fugas de materiais, de conteúdos privilegiados e confidenciais a favor dos seus próprios países.

Nós angolanos temos que aprender a lutar por nós mesmos, nunca um cidadão estrangeiro vai defender Angola, os nossos embaixadores, cônsules e diplomatas sentem-se encantados pelos ocidentais (europeus-americanos) e por àqueles de pele clara, assim como tantos africanos e africanas, fazem tudo pelos brancos, rebaixam-se enaltecendo esses tais que na verdade podem traí-los a qualquer momento porque não são um de nós e não amam Angola, é assim que somos dominados o tempo todo, por não termos amor-próprio e por não priorizarmos o cidadão nacional.

As vagas de emprego nas nossas Embaixadas deviam ser preenchidas exclusivamente pelos angolanos (salvo excepções), mas é visível dentro das embaixadas angolanas a presença de muitos mestiços e de pessoas que ninguém sabe de onde esses tais vieram, mas estão lá a trabalhar, e muitos dos nossos representantes (diplomatas) compactuam com isso ou melhor são eles que permitem que isso aconteça.

Desde 1975 até hoje Angola nunca presenciou, nunca teve e nunca viveu uma verdadeira conciliação e reconciliação Nacional, ainda nós olhamos como estranhos, como adversários e como inimigos altamente perigosos, e para se entrar no MIREX querendo como não: ou tens de ser bajulador ou tens de ter influências de alguém, podes ser muito competente e qualificado mas por si só é muito difícil entrar por lá, de igual modo acontece nos recrutamentos locais nas nossas embaixadas e consulados. Nesses recrutamentos entram sempre alguns estrangeiros, como isso é possível? Fazem isto porquê? Por termos diplomatas de origem estrangeira? Por alguns serem em parte caboverdianos e santomenses? Será este o verdadeiro motivo? Ou será pelo facto de não existir ainda confiança e lealdade entre nós angolanos?

Portanto seja qual for o motivo, há mais facilidades para o estrangeiro do que para o próprio angolano dentro das nossas missões diplomáticas, essa é a imagem "aparente e real” tanto a nível interno do País quanto a nível externo, o que as nossas embaixadas fazem é reflexo daquilo que é a nossa administração do Estado.

Essa facilidade a favor dos “não cidadãos” coloca os angolanos em maus lençóis, e quando notícias institucionais (notícias internas) vazam nos portais de informações online, no Angola 24 Horas, Folha 8, na Mira do Crime, Correio Angolense, entre outros jornais e portais de comunicação, os diplomatas angolanos culpam sem demora o angolano, sem que saibam, muitas das notícias são vazadas por estrangeiros que trabalham dentro das nossas embaixadas e consulados.

A espionagem tem vários níveis, modos e tipologias, existem técnicas próprias de como fazê-lo (nos próximos artigos darei alguns detalhes sobre essas técnicas), por isso é um grande perigo empregar “pessoas estranhas” nas nossas embaixadas e consulados, é desse jeito e é por causa disso (em parte) que não conseguimos estar em grandes patamares na arena internacional. Vários estrangeiros riem-se de nós por causa das nossas atitudes bizarras de desprezar o próprio cidadão em prol deles, eles fazem pouco de nós, tratam-nos de ignorantes porque lutamos contra nós mesmos, dando a eles mais oportunidades e domínio sobre nós mesmos.

Podeis ir em qualquer embaixada ou consulado inclusive podeis ir nas embaixadas africanas, encontrareis pouquíssimos estrangeiros a trabalharem por lá, conheço mais de 27 embaixadas, sei bem como isso funciona, mesmo quando sou chamado por algumas dessas embaixadas para dar o meu contributo num projecto como “consultor projectual”, eles não me colocam como o principal do projecto, colocam sempre um cidadão do seu País como autor principal, mesmo se esse tal não entende da coisa melhor que eu, o colocam em frente do projecto porque o patriotismo entre eles é a força que os une, é desse jeito que se conserva a integridade de um Estado-Nação.

Mas os nossos representantes (embaixadores, cônsules, adidos, etc.) preferem afastar os cidadãos angolanos das nossas próprias embaixadas e consulados, dando prioridade aos estrangeiros. Quando a presença de estrangeiros é constante nas instituições de um País, as informações privilegiadas directa ou indirectamente (mais cedo ou mais cedo) vazam sempre, tais informações podem não vir a público, mas o seu Estado (País do agente infiltrado) usa e usará tais informações pra outros fins.

Toda e qualquer Embaixada do Mundo pode ser espionada e são espionadas. A Diplomacia em grande escala é sinônimo de espionagem e a espionagem contra as nossas embaixadas é algo verídico. Precisamos investir fortemente na tecnologia, em materiais de contra espionagens e de contra-inteligência corporativa e institucional, devemos apostar fortemente na formação técno-diplomática, mas antes de tudo isso, de imediato, é necessário que nos livremos dos estrangeiros que trabalham nas nossas instituições diplomáticas, porque até empregadas de limpeza em muitas das nossas embaixadas e consulados são estrangeiras, muitos dos motoristas dos diplomatas angolanos são estrangeiros, até cozinheiros e mordomos são estrangeiros, mas temos tantos angolanos e angolanas profissionais precisando de ajuda e de trabalho mesmo assim não ajudados, isso dá-nos à entender claramente que os nossos representantes (diplomatas) preferem o estrangeiro em vez do nacional.

Tudo isso é falta de patriotismo e de união entre nós.

O.B.S: É preciso (Re) Pensar ANGOLA, é preciso refazer o MIREX no seu todo, os actuais embaixadores e diplomatas já deram tudo que tinham pra dar, é hora de dar oportunidades à pessoas que coloquem em frente os interesses nacionais.

Por Leonardo Quarenta

Doutorando em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Relações Internacionais e Diplomacia

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