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Quinta, 19 Setembro 2019 16:00

Não ponham mais o dedo no gatilho: vamos todos as pazes no seio do MPLA

O MPLA foi edificado por intelectuais, e é inconcebível que não se saiba até então encontrar um jeito de reconciliar o Partido da guerra que o assola aos nossos dias.

Caros Camaradas, deponham as armas, silenciem as vozes contraditórias no seio do Partido, ou mesmo nas redes sociais, parais com a difamação contraditória, terminai as lutas de alas contrárias: lourencistas vs eduardistas. Reconciliai – vos com os vossos irmãos de armas e de trincheiras. Camaradas, não há ninguém que não erra neste mundo pecaminoso, até Cristo, o filho de Deus altíssimo, negou chamar – lhe de bom “Quando o jovem rico chamou à Jesus de «Bom Mestre», ele respondeu: por que me chamais de bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus (Lucas 18:19)”, enquanto mais vós Camaradas, feitos de carne e de ossos, não há ninguém perfeito neste mundo, Camaradas, para além de Deus que reside os céus.

Perdoais aos Vossos inimigos, façais o bem, pois que vós não sóis perfeitos neste terra chamada Angola, todos vós errastes ontem contra os vossos próximos, de tal modo que, tal quando julgais os vossos irmãos de armas ou de trincheiras, lançando – os na masmorra sereis também julgados pelos vossos sucessores, acabareis de degradar de forma progressiva o Partido, acabareis de poluir o MPLA, vendendo – o à um destino completamente amarrado na perdição, onde cada um caminha à deriva, à sua sorte, sem eira, nem beira.

O quê vos valerá essa luta Camaradas? Que vantagem haveis de tomar nesta luta grupal? Que faz do MPLA um fracasso em forma viva? Onde nunca se cita JES em nada que se realiza no Partido, e quem o fizer torna – se num inimigo à atingir? Camaradas, antes a vida do MPLA, depois as vossas vontades de vingança, não sacrificais o MPLA para satisfação das vossas vontades particulares, enterrais o orgulho, o ódio, a raiva, e façais um política séria, plasmada na unidade do Partido, na reconciliação de todos os seus membros, no esquecimento dos erros de cada um, na construção de uma nação que saiba encontrar – se consigo mesma.

Camaradas! É imperativo pôr fim a perseguições, pôr fim a caça ao homem? Pôr fim as acusações, pôr fim as intrigas, afinal de contas, são todos do MPLA, e não vemos necessidade alguma de se odiarem como se nunca tivessem conhecido antes.

Caros Camaradas! Ou salva – se o MPLA da crise actual que vive? Ou morrerá o MPLA enterrado pela vossa culpa de vingar – se feitos animais raivosos. Reconciliai o Partido Camaradas. Não há ninguém que não saiba errar, desde a altura que viemos ao mundo, aprendemos a errar como uma arte inseparável da vida. Desde então, terminai com as guerras grupais no seio do Partido, com os ataques sucessivos nas redes sociais, com a exposição de Vossas vidas pessoais e familiares na hasta pública, ninguém necessita saber o que ontem os vossos filhos cometeram. Ninguém necessita de saber quais foram os vossos reais problemas familiares e conjugais no passado.

Um basta as guerras no MPLA!

Um fim a exposição pública, um basta nesta luta incansável da mesma família! Se os pais lutam, os filhos tornam – se pedidos, sem eira, nem beira, basta Camaradas, é necessário unir o MPLA e prepará – lo para novos desafios. Tal só será possível com um perdão público, com o enaltecer da figura de António Agostinho Neto, de José Eduardo dos Santos e de João Lourenço.

Nada tereis de presente fabuloso com as perseguições judiciais que hoje tomam corpo da Nova Angola.

Camaradas, unais o MPLA, seguis o adágio de Neto: “O mais importante é resolver os problemas do povo”. É chegado momento decisivo do MPLA, ou acabam as guerras, ou haja um encontro com o passado ou enterra – se o Partido no abismo.

Permitam – nos camaradas, a evocação de uma experiência popular: “Não houve coisa alguma neste mundo, que mais aniquilou a humanidade que as guerras, guerras são processos vinculados à destruição, a morte, a tristeza, a mutilação, onde o seu preço não se sabe pagar com nada”.

Há decadência quando um Partido, um povo, um País, uma empresa, desce de situação gloriosa para situação de tristeza marcada pelas guerras internas, pela perseguição, pelo desentendimento grupal, pelo separatismo, pelo divisionismo, pela perseguição interna, pela caça – as – bruxas. O MPLA não ganhará e jamais sobreviverá se esta guerra não for enterrada no esquecimento. Se o MPLA persistir na luta interna, só a derrota o sucederá. Com a posição que toma contra o seu próprio passado, o MPLA jamais sobreviverá, se o passado for um preconceito, o futuro será consequência. É necessário unir o Partido, é necessário depor as armas, é necessário acabar com o bombardeamento verbal rotineiro. É necessário unir as partes, é necessário reflectir sobre as consequências devastadoras da guerra imposta no seio do Partido. É necessário fazer as pazes Camaradas.

Caros Camaradas! Dêem um fim a essa guerra revolucionária ou guerra política interna no seio do Partido. A guerra revolucionária que tomou o corpo do MPLA, onde um dos lados vinga –se contra o passado, querendo sob forma de confronto directo contra o passado apagar a imagem de JES, aniquilar os seus bons feitos, (vê - se a verdade, não nas palavras, mas nos actos, nunca foi citado em nada, desde que o General João Lourenço fez – se Presidente, o seu dia, passou completamente silenciado), e, modificar profundamente as estruturas políticas, económicas e/ou sociais do Partido e do País, muitas vezes torna -se numa guerra que mais devasta de forma inevitável o próprio Partido e o País que outra coisa, interrompendo a sua forma de vida ou progresso. Buscais Camaradas, as formas mais inteligentes de evitar guerras internas, façais tudo para erguer um Partido forte e poderoso como nunca, capaz de se fazer numa verdadeira estrela cintilante no firmamento africano.

Não nos façamos de possuídos de um ouvido de mercador: onde a capa externa dita unidade, mas a capa interna dita guerras. Reconheçamos o actual contexto de coisas, socorramos o corpo do MPLA que encontra – se gravemente ferido, porque se esta guerra persistir, as dores das feridas causadas por estes projecteis acabarão de matar o Partido e de derrubar as muralhas mais fortes do Partidos. Se persistirdes nesta guerra, o fim do MPLA será um facto. Não ganhareis nada, aliás, somente perdereis com o derrube de vosso próprio Partido, será pois, o princípio do fim de um regime que sempre dirigiu os destinos do País desde 1975.

O MPLA é um Partido de valores, e não esperemos que para a actual liderança do Partido, a distinção entre valores e ética seja marcada de confusão interna. É imperativo unir o MPLA. Um Partido quebrado pela raiva contra os seus próprios pilares, contra os seus próprios alicerces, asfixia – se aos poucos como morre um peixe posto fora da água. Com a actual cultura política de pagar o mal pelo mal, de desenterrar o fraccionismo de 1977, o Partido não saberá subsistir.

Caros Camaradas! Reflictais não pelas Vossas vontades de vingança ou de pagar o mal do passado, com o mesmo preço de que recebestes ou então pior, mas acima de tudo, reflictais pela vida do Partido - MPLA, pois que, se a reconciliação do MPLA for um preconceito, a morte do MPLA será consequência.

Infelizmente, nenhuma guerra fortalece o espírito de unidade partidária ou de equipa, e um Partido desunido é similar a um búfalo perdido na alcateia de leões, que a qualquer momento será comido vivo pelos seus opositores. Caros Camaradas, é imperativo unir o Partido, acabar com as alas, enaltecer António Agostinho Neto, como o primeiro presidente, que mais deu pelo Partido, e diante das épocas mais sombrias da história procurou encontrar soluções de salvaguarda do Partido, antes de tudo, e acima de tudo. Sigam os exemplos de José Eduardo dos Santos, como segundo presidente, de facto, que fez tudo para que diante de todas as circunstâncias o MPLA não morresse, mas permanecesse vivo face ao mar de problemas que lhe eram impostos. Caros camaradas, não será menos importante, a tarefa actual do General João Lourenço, marcada pela unidade do Partido, e pelo encontro de soluções para com a crise, é necessário não fazer do Partido um sacrifício vivo irrecuperável para salvar o País da crise, atirando aos seus todas as culpas, mas um meio de busca de soluções para a crise que hoje assola o País. Se se fragilizar o Partido, ninguém sairá a ganhar, somente a oposição ganhará, mas os problemas nacionais continuarão ali, de pedra e cal, inamovível e sem ferrugem, no entanto, não sacrifiquem o MPLA para acudir o actual contexto de coisas, buscais formas de resolver os problemas da crise, sem matar o Partido que vos fez líderes de todas as coisas.

Finalmente, é imperativo enaltecer João Lourenço, como o terceiro presidente de facto. Todos eles tiveram, têm e hão de ter para sempre uma utilidade necessária para a vida do Partido, e cada um deles há-de deixar o seu legado para o Partido. No entanto, enterrar a história de um Partido, é matar o próprio Partido, e, não há história que se faça sem a existência de pessoas.

Caros Camaradas! Não existe neste mundo perfeito algum, não há homem que não comete erros, cada um à sua medida sabe cometer os seus erros. Desde logo, perdoais os vossos irmãos, dai as mãos uns aos outros, unais o Partido de Neto, o Partido de Dos Santos, o Partido de João Lourenço, façais destes três Partidos num só Partido que ninguém consegue partir, como disse Mandume o Rei dos Kwanhamas: “Uma pacaça contra um leão, o leão vence a pacaça, mas, várias pacaças unidas contra um leão, as pacaças fazem afugentar o leão.”

Caros camaradas! O que importa fazer justiça completamente parcial com o passado e enterrar o Partido no abismo? Uma verdade, ninguém é inocente, e não devemos apagar a vida do MPLA, só para satisfazer as nossas vontades de vingança: "Sejais maduros Camaradas! Unais o MPLA, enterrai a raiva, perdoais os vossos irmãos, deponham as armas, terminai a guerra grupal no seio do MPLA".

Todos os Presidentes tiveram sua utilidade para a vida do MPLA. De Agostinho Neto “o homem que fez o MPLA viver em momentos mais tenebrosos da história”, à José Eduardo dos Santos, “o homem que lutou contra todas as formas de desestruturação do Partido”, até à João Lourenço, “o homem que deve dar um exemplo similar com a força do passado, fazendo unir o presente, criando mecanismos de combate a corrupção, ao nepotismo, todos deixaram, ou deixarão um legado para o Partido, mas o legado de Perseguição e de morte certa para o Partido de nada servirá para tal Partido, nem para ser colocado por cima do túmulo do Partido quando estiver entregue às mãos do fim.

Bem – haja a unidade e reconciliação no seio do Partido MPLA! 

Por João Henrique Hungulo

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