Depois de em janeiro ter desvalorizado o kwanza em 15 por cento, o Banco Nacional de Angola volta a reunir-se esta semana, sexta-feira, para rever a situação macroeconómica. Da reunião pode sair uma nova desvalorização da cotação oficial, para tentar aproximar a taxa de câmbio formal da paralela.
Foi a terceira desvalorização da taxa de câmbio oficial em sete meses. A cotação está em 156,39 kwanzas por dólar, o nível mais baixo de sempre, mas ainda longe do praticado no mercado informal. A continuação da depressão das receitas petrolíferas significa que ao longo deste ano se irá manter a falta de dólares.
A cotação no mercado informal é estimada pela Economist Intelligence Unit (EIU) em 270 kwanzas por dólar. O Semanário Económico apontava na semana passada para valores próximos dos 400 dólares, 150 por cento acima do câmbio oficial. Segundo o jornal, os bancos e casas de câmbio estão praticamente sem acesso a divisas, e os cambistas de rua estão a dominar o mercado.
No ano passado, a cotação média oficial do kwanza foi de cerca de 120 por dólar. Segundo a EIU, este ano a moeda angolana deverá desvalorizar para os 170 por dólar, mantendo a tendência em 2017, quando deverá bater nos 180 por dólar.
Com esta “desvalorização gerida”, as importações tornam-se mais caras, gerando pressões inflacionistas. Por outro lado, as receitas petrolíferas medidas em moeda angolana aumentam, contribuindo para conter o défice das contas públicas.
As reservas de moeda estrangeira do BNA têm vindo a recuar substancialmente, tendência que deverá manter-se este ano.
A desvalorização do kwanza desde janeiro de 2015 – cerca de 35 por cento – é apenas superada pela da moeda zambiana – cerca de 43 por cento. O rand sul-africano caiu perto de 30 por cento e o metical moçambicano 27 por cento. Em todos os casos, a descida está relacionada com o colapso do preço de matérias-primas de que depende a economia dos países.
AM