Quinta, 04 de Setembro de 2025
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Quinta, 04 Setembro 2025 15:19

Privatização da Unitel ainda sem datas – IGAPE

O presidente do instituto que gere os ativos do Estado angolano escusou-se hoje a avançar datas para a privatização da Unitel, prevista para o primeiro semestre de 2025, lembrando que o programa de privatizações se estende até 2026.

Álvaro Fernão falava aos jornalistas após o ‘roadshow’ de apresentação da Oferta Pública de Venda (OPV) do Banco de Fomento Angola (BFA), que prevê a alienação de 29,75% do capital do banco pelos atuais acionistas — a Unitel, que disponibiliza 15%, e o Banco Português de Investimento (BPI), com 14,75%.

“O programa de privatizações entrou numa fase de alienação dos ativos mais valiosos e mais complexos. Este ano privatizámos três fábricas valiosas e relevantes no mercado e agora estamos a realizar a cerimónia da OPV do BFA, que foi o campeão dos lucros em 2024”, afirmou o responsável do Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE).

“Continuaremos a trabalhar para as outras empresas que têm também a sua complexidade na estruturação da privatização”, acrescentou, sem avançar previsões para a entrada em bolsa da Unitel, empresa estatal prestadora de serviços na área de telecomunicações móveis.

“O cronograma de privatizações vai de 2023 a 2026, temos até ao final do próximo ano para fechar o programa (…). Vamos continuar a trabalhar com as empresas para a sua privatização”, disse.

O presidente da operadora de telecomunicações, Aguinaldo Jaime, declarou que a expectativa da empresa em relação a esta operação “é muito alta”, tendo em conta que se trata de um banco “sistémico, com excelentes resultados, com níveis muito altos de rentabilidade, eficiência e margem de risco absolutamente aceitável”.

“Os investidores não vão deixar passar a oportunidade de aplicar e rentabilizar os seus capitais numa operação que nos parece que, até aqui, tem sido de sucesso”, declarou, descrevendo a OPV como “um marco importante do mercado de capitais em Angola e do seu sistema financeiro”.

Sobre a privatização da Unitel, Aguinaldo Jaime limitou-se a dizer que “em tempo devido serão dados todos os esclarecimentos”.

A última data avançada para a privatização da operadora previa a conclusão da entrada em bolsa até ao final do primeiro semestre de 2025, segundo declarou, em dezembro do ano passado, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro de Angola, Ottoniel dos Santos.

A privatização parcial da Unitel faz parte do Programa de Privatizações (ProPriv) do Governo angolano, que visa reduzir a presença estatal em setores estratégicos e fomentar a participação do setor privado.

Envolve a venda de 15% do capital da Unitel através de uma Oferta Pública Inicial (IPO) na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), de acordo com um despacho presidencial de 23 de agosto de 2024.

O processo de privatização da Unitel foi inicialmente anunciado no ProPriv 2019-2022, que incluía a alienação de 195 empresas e ativos estatais, entre eles a Unitel, a petrolífera estatal Sonangol e a diamantífera Endiama.

Até outubro de 2022, a empresa era parcialmente detida por acionistas privados, incluindo Isabel dos Santos (25% via Vidatel) e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” (25% via Geni), com os restantes 50% controlados pela estatal Sonangol.

A Unitel passou a ser 100% estatal, gerida pelo IGAPE e pela Sonangol, quando o Governo angolano nacionalizou as participações de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, e do general “Dino”, ambos do círculo próximo do antigo chefe de Estado já falecido.

Aguinaldo Jaime falou ainda sobre a relação entre a banca angolana e a portuguesa, considerando que foi “essencialmente positiva”, embora com espaço para melhorias. “Os resultados são, no essencial, positivos”, frisou.

“Obviamente, poderá sempre haver melhorias (…) esta oportunidade de privatização do BFA é muito importante porque promove a democratização do acesso ao capital: os cidadãos podem ser acionistas, podem ser donos de um banco rentável que oferece grandes possibilidades para pequenos aforradores, para empresas e para instituições em geral”, acrescentou.

O BFA foi criado em 2002 a partir da transformação da sucursal de Angola do BPI num banco de direito angolano. O BPI foi acionista maioritário até 2017, detendo 50,1% do capital social, enquanto a Unitel, então controlada por Isabel dos Santos, possuía 49,9%.

Em outubro de 2016, o BPI vendeu 2% do capital do BFA à Unitel, reduzindo a sua participação para 48,1% e perdendo o controlo maioritário, que passou para a Unitel (51,9%).

Desde 2017, o BPI é 100% controlado pelo espanhol CaixaBank, que adquiriu todas as ações, incluindo a participação de 18,6% que era detida por Isabel dos Santos.

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