A ideia foi deixada pelo presidente do conselho de administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Elmer Serrão, considerando que o país precisa de encarar com sentido crítico e estratégico as oportunidades ainda por aproveitar.
As agências multilaterais “representam hoje mais de 85% da ajuda internacional canalizada para Angola. Ainda assim, o nosso país capta apenas cerca de 1% da ajuda global destinada a África, e este facto obriga-nos a refletir”, afirmou o responsável.
Falando na abertura de uma conferência sobre “As Multilaterais e o Financiamento ao Desenvolvimento”, em representação da ministra das Finanças de Angola, o presidente do ARSEG considerou que o país “precisa de se posicionar melhor e agir com mais ambição” para a captação de mais financiamentos.
Para isso, observou, “é fundamental reforçar a capacidade de negociação e de absorção de fundos, qualificar os projetos submetidos, melhorar a previsibilidade e celeridade na execução e alinhar o financiamento externo com as prioridades nacionais”.
Elmer Serrão elencou também a necessidade de se comunicar com eficácia os resultados obtidos e o impacto das intervenções, referindo que captar mais recursos implica também “maior ambição interna”.
“Implica planeamento estratégico, execução disciplinada e prestação de contas”, sinalizou o responsável, defendendo que se trata de um esforço conjunto, que exige instituições públicas mais capacitadas, setor privado mais envolvido e parceiros internacionais mais sensíveis às realidades a aspirações do país.
Na sua intervenção, neste encontro promovido pela revista Economia & Mercado e a consultora PricewaterhouseCoopers (PwC), Serrão referiu que o papel das agências multilaterais vai além do simples financiamento: traduz-se ema assistência técnica, partilha de boas práticas, criação de sinergias (…), inclusão e boa governação.
No caso de Angola, este papel [das instituições multilaterais] “tem sido particularmente relevante”, salientou, dando nota que a cooperação com o Banco Mundial (BM), com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) tem contribuído para reforçar as finanças públicas, promover reformas estruturais e financiar setores vitais como a educação, saúde, energia, agricultura e a resiliência climática.
Considerou, por outro lado, que os países africanos devem afirmar a sua voz, “nesta era em que a arquitetura financeira internacional está em revisão”, e com isso proporem soluções a participar ativamente na construção de uma nova narrativa de desenvolvimento.
O Ministério das Finanças de Angola está empenhado neste caminho – de maximizar o aproveitamento dos financiamentos multilaterais, fazendo-o com foco, com rigor e impacto, concluiu Elmer Serrão.