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Sexta, 30 Julho 2021 09:42

Diferencial entre mercado formal e informal estabiliza abaixo dos dois dígitos

A moeda nacional já apreciou 1,8% face ao dólar e 6,1% face ao euro desde o início do ano, quebrando um ciclo de forte desvalorização iniciado em 2018 com a alteração à política cambial, que visou flexibilizar a taxa de câmbio.

Três anos e meio depois da reforma cambial levada a cabo pelo Banco Nacional de Angola (BNA), o diferencial, ou gap, entre as taxas no mercado formal e no informal está hoje abaixo do objectivo de 20% anunciado pelo banco central na altura da liberalização.

No início de 2018, esse gap era de 159% no dólar e de 167% no euro e passou, respectivamente, para 7% e 8% no final de Julho.

No entanto, esse ajustamento resulta mais da depreciação no mercado formal do que nas ruas. Em Janeiro de 2018, cada dólar valia 165,9 Kz no formal e 430 Kz nas ruas da capital do país. Hoje, cada dólar vale 639 Kz no formal, o que representa uma depreciação do Kwanza em 74%, enquanto nas ruas vale 685 Kz, traduzindo-se numa quebra de 37% no valor do Kwanza. A mesma tendência aconteceu com a moeda europeia já que, em três anos e meio, o Kwanza depreciou 75% face ao euro no mercado formal e 39% face ao informal.

Depois de em 2020 a descida nos preços do petróleo provocada pela quebra da procura (um dos efeitos da pandemia em todo o mundo) ter pressionado o Kwanza face às principais moedas estrangeiras, uma vez que reduziu o acesso a divisas, o cenário mudou desde o início de 2021. A subida dos preços do barril nos mercados internacionais e a fraca procura interna provocada pela queda do consumo, que reduziu a pressão sobre as importações, estão na base deste desempenho do Kwanza face às moedas estrangeiras.

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a quinta avaliação ao cumprimento do programa de financiamento a Angola refere que o processo de flexibilização da moeda tem estado a funcionar bem, pois "facilitou consideravelmente o ajustamento a choques no início de 2020". A instituição multilateral acrescenta que o aumento da oferta de divisas nos últimos tempos "devido à melhoria dos preços do petróleo e a intervenções reduzidas do BNA" tem permitido a estabilização do Kwanza. Ainda assim, e para prevenir "tentações", o relatório refere que o FMI e as autoridades angolanas acordaram que o banco central só poderá intervir para limitar uma "volatilidade excessiva" do Kwanza. De resto, está "obrigado" a permitir que o Kwanza atinja o seu ponto de equilíbrio, seguindo as regras de mercado.

Segundo especialistas contactados pelo Expansão, a evolução do Kwanza desde o início deste ano sugere que o ajustamento essencial da moeda nacional terá sido concluído, e de agora em diante devemos esperar menos volatilidade. Significa isto que o Kwanza está hoje perto do seu ponto de equilíbrio Expansão

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