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Segunda, 29 Mai 2023 20:35

Preço do dólar no mercado de rua de Luanda segue em alta

Câmbio de (dólar e euro) nas Kinguilas, apesar de a comercialização de moedas estrangeiras por entidades não credenciadas ser considerada ilegal, em Angola, esta prática ainda continua a ser predominante, principalmente nas ruas/avenidas de Luanda, onde as famosas “Kinguilas” ocupam os passeios para troca de divisas.

Esta segunda-feira, em algumas ruas de Luanda, por exemplo, a nota de 100 dólares estava a ser vendida a 62 mil kwanzas e comprada a Kz 59 mil. Ainda no mercado de rua, 100 euros estava a custar 69 mil kwanzas a venda e 65 mil a compra.

Em Angola, a comercialização de moeda por indivíduos não credenciadas é ilegal e punível com uma pena de prisão até 1 ano ou multa até 120 dias, nos termos do Código Penal Angolano, em vigor desde 9 de Fevereiro de 2021.

Câmbio Comercial (BNA)

A nota de 100 dólares norte-americanos está a ser comercializada a 56 mil 400 kwanzas (Kz 564/USD), no Banco Nacional de Angola, contra 57 mil 300 kwanzas nos bancos comerciais, o que representa um aumento de mais de 14 mil kwanzas, comparativamente ao mês de Maio de 2022.

No período homólogo (Maio de 2022), USD 100 custavam cerca de 42 mil kwanzas no Banco Central, à razão de 420 kwanzas para cada dólar, enquanto os bancos comerciais vendiam a mesma nota a Kz 42 mil 300 (Kz 423/USD).

Actualmente, são necessários 56 mil 400 kwanzas para se obter 100 dólares a partir do Banco Nacional, enquanto nos bancos comerciais a aquisição do mesmo montante varia entre Kz 56 mil 500 e 57 mil 300 kwanzas, sendo que cada dólar custa entre Kz 565 e 573 kwanzas, respectivamente.

Quanto à compra, cada dólar equivale a 560 kwanzas (USD 100 custam Kz 56 mil), nos bancos comerciais. Em Maio de 2022, um dólar era comprado a 412 kwanzas (USD 100 equivaliam Kz 41 mil 200) no mercado formal.

Por outro lado, a nota de 100 euros está a ser vendida a 60 mil kwanzas (Kz 600/Eur), no BNA, contra os 44 mil 400 kwanzas (Kz 444/Eur) de 2022.

Já nos bancos comerciais, a nota de 100 euros ronda os 61 mil 600 kwanzas, registando um aumento de mais de 16 mil kwanzas, comparativamente ao período anterior, em que custava Kz 451 (Eur 100 valiam Kz 45 mil 100).

Desde 1 de Fevereiro de 2018 até à presente data, o mercado cambial angolano é regulado pela taxa de câmbio flutuante, que substituiu o regime cambial fixo.

O câmbio flutuante, que orienta os bancos comerciais a pautar por uma conduta transparente, justa, equilibrada e correcta na aquisição e disponibilização de divisas, é determinado pela oferta e procura de moeda estrangeira no mercado, sem a intervenção do Banco Central.

Baixa produção petrolífera influencia subida

A propósito da subida do dólar e euro, o governador do BNA, José de Lima Massano, reconheceu, recentemente, que o Kwanza registou uma depreciação de 7%, face ao dólar, no período entre Janeiro até à presente data.

Apesar da depreciação, o gestor do Banco Central tranquilizou os cidadãos, tendo sublinhado que “não há motivos para pânico”, porquanto o actual cenário é marcado pela correcção do mercado face aos novos equilíbrios impostos pela redução acentuada das exportações, num período relativamente curto.

Ao falar no final da 111.ª reunião do Comité de Política Monetária, realizada este mês, na província do Bié, lembrou que o petróleo e gás geram cerca de 95% dos recursos cambiais para Angola, pelo que qualquer alteração nas quantidades produzidas ou preços nos mercados internacionais influencia no funcionamento da economia.

“Nos primeiros quatro meses do ano, o que observamos foi uma queda das receitas de exportação, facto que impactou na oferta de divisas para o país”, recordou.

Perante esse quadro, referiu que o BNA resolveu colocar títulos em moeda estrangeira à disposição dos operadores económicos e dos cidadãos, investindo em moeda nacional.

Por meio desta via, avançou, há condições para preservar poupanças e gerir o risco cambial. Segundo o governador do BNA, “não se trata de uma intervenção propriamente dita, nem de qualquer situação que possa ser entendida como pânico”, porquanto, se o Banco Central interviesse para manter a taxa de câmbio, as reservas internacionais teriam já caído em cerca de mil milhões de dólares.

Do seu ponto de vista, esse exercício causaria outros danos à economia nacional.

De acordo com José de Lima Massano, o instrumento de correcção disponível entre oferta e procura é o preço, pelo que se tem assistido a um novo ajustamento, determinado por forças do mercado, que leva a uma pressão sobre a moeda nacional.

Justificou, por outro lado, que a variação acentuada do preço da moeda foi um dos motivos que obrigou o BNA a manter inalteradas as taxas de política monetária, na última sessão da reunião do CPM.

Impacto da taxa de câmbio na inflação

Quanto à relação entre a taxa de câmbio e a inflação, o governador do BNA assegurou que vai continuar a trabalhar no sentido de garantir a estabilidade de preços na economia, usando os instrumentos que estão à disposição do Banco Central.

Considerou a taxa de câmbio como factor de extrema importância para formação de preços e manutenção das Reservas Internacionais Líquidas, que devem ser mantidas no patamar mínimo de seis meses de importações.

Por isso, prosseguiu, a inflação é um tema de grande preocupação para o BNA, que tem a responsabilidade de preservar o valor da moeda e o seu poder de compra, cuja acção vai no sentido de influenciar a estabilidade de preços na economia.

Lembrou que, para este ano, a “ambição” passa por trazer a inflação para um intervalo entre nove e 11%, sendo necessário avaliar o impacto da desvalorização do kwanza.

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