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Sábado, 06 Agosto 2016 11:48

Um milhão de vacinas contra a febre-amarela desapareceram em angola

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou ontem que as autoridades de saúde angolanas não sabem dar conta da localização de 1 milhão das 6 milhões de vacinas contra a febre-amarela que chegaram ao país em Fevereiro.

Segundo uma investigação da agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP) revelada ontem, diversos erros foram cometidos pelas autoridades angolanas, que podem ajudar explicar o destino das vacinas desaparecidas.

A agência teve acesso a emails trocados entre a OMS e parceiros, como a organização Médicos Sem Fronteiras, que afirmam que muitas vacinas foram enviadas para locais onde não havia registo da doença. Em outros casos, muitas vacinas chegaram a zonas onde a doença se havia manifestado, mas sem as seringas para a sua aplicação.

Há suspeitas ainda de desvio de vacinas para comercialização no mercado paralelo. Numa dessas mensagens de email da OMS a que a AP teve acesso, lê-se que um milhão de vacinas “se evaporaram” e que podem ter sido desviadas por “amigos e familiares das autoridades locais”, pelas “Forças Armadas” ou vendidas no “sector privado”.

Segundo Sergio Yactayo, um especialista em febre-amarela da OMS, o desperdício de vacinas em Angola durante a vacinação foi o dobro do normal. Citado num dos emails, Yactayo afirma que as autoridades não prestaram atenção ao registo de quem estava a ser vacinado.

No entanto, ainda segundo os emails obtidos pela agência, a responsabilidade pelo envio de vacinas sem seringas seria da própria Organização das Nações Unidas. “Enviar vacinas sem o material de vacinação é INÚTIL”, escreveu o representante da OMS em Angola, Hernando Agudelo (leia entrevista), num email de 11 de Maio.

O ministro da Saúde, Luís Sambo, negou à AP qualquer desaparecimento de vacinas.

Quando questionada pela AP, a OMS, num comunicado conjunto com a UNICEF, a Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha, afirmou que normalmente há uma taxa de desperdício esperada de dez por cento das vacinas.

O resultado da falta de vacinas e do desperdício é que, ainda segundo a AP, a OMS terá recomendado a diluição em 80 por cento das vacinas aplicadas durante o surto que afecta Angola e a RD Congo. Um problema sobretudo para o país vizinho, pois boa parte dos angolanos já foi vacinada e as autoridades angolanas recusam-se a usar a vacina diluída.

Angola já recebeu 15 milhões de vacinas, enquanto a RD Congo enfrenta nesse momento uma falta aguda de vacinas.

RA

 

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