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Sexta, 13 Novembro 2015 16:03

Ativistas libertados em Benguela prometem novas manifestações

Lobito – Os 18 jovens ativistas angolanos que estiveram detidos nas duas últimas semanas em Benguela, na sequência de uma manifestação, garantiram hoje que vão continuar essas protestos.

Em causa está uma manifestação anunciada como pacífica em solidariedade para com os 15 ativistas detidos desde junho em Luanda e contestando o regime, promovida a 30 de outubro naquela cidade do centro-litoral de Angola pelo autodenominado Movimento Revolucionário de Benguela.

O protesto culminou com 18 detenções, com a polícia a alegar desobediência às autoridades – ao fazerem a manifestação -, mas só esta tarde, ao fim de duas semanas de prisão e sete dias após o julgamento sumário, estes jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, saíram em liberdade.

“O nosso objetivo é a liberdade”, afirmou à Lusa António Pongote, de 30 anos, um dos 18 ativistas libertados hoje, após a associação “Mãos Livres” ter feito o pagamento das multas a que foram condenados.

“Nós não vamos parar, vamos continuar a fazer a nossa manifestação, uma vez que está consagrado na nossa Constituição. Isso [julgamento]foi só para denegrir a nossa força ideológica, mas nós não vamos parar, vamos continuar até à morte, esse é o nosso lema”, garantiu o mesmo ativista, porta-voz do grupo, momentos depois de todos terem saído em liberdade.

Conforme a Lusa noticiou na sexta-feira anterior, dia do julgamento sumário, que se prolongou por nove horas no Tribunal do Lobito, estes jovens foram absolvidos do crime de desobediência à autoridade, tendo o juiz considerado que a manifestação que promoveram em Benguela, a 30 de outubro, que motivou as detenções, fora “lícita”.

Contudo, foram condenados a dois meses de prisão (pena convertida em multa) pela prática de um crime de “assuada”, por terem distribuído panfletos durante a mesma ação.

Cada um dos 18 detidos foi condenado ao pagamento de uma multa diária de 40 kwanzas, totalizando 2.400 kwanzas (16 euros). Além disso, cada um ainda de pagar o Imposto de Justiça (custas judiciais), fixado em 52.000 kwanzas (cerca de 360 euros), mais do dobro do salário mínimo em Angola, entre outros custos.

O advogado destes 18 jovens e dirigente da associação de defesa dos direitos humanos “Mãos Livres” criticou ao longo da semana as dificuldades que disse terem sido colocadas pelo tribunal ao pagamento das multas, o que prolongou o período de detenção.

“No final do julgamento, o juiz ainda lhes pediu para não fazerem manifestações, que não era preciso, que o Executivo não deve ser pressionado. Aconselhou os jovens a não fazerem mais manifestações, o que para nós é um absurdo, o juiz tomar um posicionamento político”, relatou, anteriormente, o advogado David Mendes.

Estas detenções e manifestações – além de Benguela uma outra foi realizada em Malange na mesma altura – surgem numa altura de forte pressão internacional sobre as autoridades angolanas devido à detenção, desde junho, em Luanda, de 15 jovens, acusados de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano.

Lusa

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