A perda de empregos e a redução do poder de compra dos proponentes são outros factores que estão a provocar o incumprimento das cláusulas contratuais para a liquidação das residências à venda no sistema de renda resolúvel.
Durante um debate na TV Zimbo sobre "o impacto da Covid-19 no sector imobiliário”, os especialistas apontaram que a política do Governo angolano na construção de centralidades em todo o país foi acertada. Porém, os métodos usados para o acesso às mesmas penalizam os ocupantes.
O economista Dorivaldo Adão cita o exemplo de se estabelecer tectos monetários acima de 200 mil kwanzas como média para o acesso aos apartamentos, na medida em que se penalizou muita gente ávida em ter casa própria. O economista Dorivaldo Adão defende que nos próximos projectos habitacionais que eventualmente o Governo pretende erguer, deve-se estabelecer critérios e métodos inclusivos para o acesso às mesmas.
Dorivaldo Adão reprovou o método de sorteio usado para ter acesso a uma casa nas centralidades, "pecou por ser um método que não encoraja o proponente a concorrer por considerar-se incapaz de atingir o objectivo pretendido”. "Devido à actual conjuntura económica, muitas famílias perderam os seus empregos, e hoje, não têm capacidade de arcar com as suas despesas.
O economista apelou também aos beneficiários de casas nas centralidades para cumprir com o pagamento dos impostos prediais para que o Governo possa dar sequência a outros projectos habitacionais. Por outro lado, reprova a existência de muitas casas sem habitantes em muitas centralidades por falta de serviços básicos.
"Há casas fechadas por falta de sistemas de água e energia”, lamentou. Já para o economista Daniel Sapateiro, os condomínios devem criar um fundo para a manutenção dos edifícios, a fim de proporcionar mais durabilidade aos mesmos.
Para o economista, as pessoas que se habilitam a ter uma residência nas centralidades devem ter em conta os hábitos e costumes que garantam uma coabitação em comunidade. "Há gente que vive nos edifícios que não respeita a vida privada do vizinho. É necessário que cada um saiba como lidar com o outro no elevador, e outras estruturas ligadas ao edifício”.
O jurista Orlando Borges, ligado à AADIC-Associação Angolana dos Direitos do Consumidor, afirmou que a sua agremiação vai continuar a defender o consumidor. Contudo, reprova muitas medidas lesivas a alguns proprietários de apartamentos.