Sexta, 01 de Agosto de 2025
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Quinta, 31 Julho 2025 16:34

Polícia angolana justifica disparos fatais contra mulher com defesa dos agentes

O Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, Francisco da Silva, confirmou hoje que a mulher que fugia com o filho durante os tumultos em Luanda foi morta pelas autoridades, alegando que foi necessário garantir a integridade física dos agentes.

Francisco Silva salientou que a mulher, Silvi Mubiala, estaria em situação migratória ilegal e participava nas pilhagens, frisando que a polícia utilizou meios proporcionais para garantir a integridade física dos agentes, "em primeira instância, e repor a ordem" no país.

O comandante falava à imprensa no final de uma visita a uma esquadra também afetada pelos tumultos registados entre segunda e quarta-feira na capital angolana e lamentou o comportamento dos cidadãos "que nada dignifica" os angolanos e "nada tem a ver" com as suas características.

O responsável máximo da Polícia Nacional de Angola disse que a mulher morta na presença do seu filho, menor de idade, no bairro da Caop, município de Viana, era uma cidadã estrangeira "provavelmente numa situação migratória irregular em Angola, que fazia parte dos grupos que realizavam pilhagem, roubos, desordens na via pública".

"Quando aquele grupo tentou insurgir-se contra os agentes da Polícia, claro que a integridade física do agente deve ser salvaguardada em primeira instância e nesta [situação] foi neutralizada, infelizmente faleceu", adiantou Francisco da Silva.

"Lamentamos a morte, mas, infelizmente, o agente teve que salvaguardar a vida, a sua integridade física e preservar a autoridade do Estado", acrescentou.

Segundo o Comandante-Geral da Polícia Nacional, as ações verificadas nos últimos três dias, na sequência de uma paralisação dos serviços de táxi, em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis e das tarifas dos transportes públicos, foram "um ato reprovável a todos os títulos".

"Verificamos que na esquadra [que hoje visitou] há sinais visíveis de invasão, não sabemos quais eram as motivações. Felizmente, houve uma intervenção policial, garantindo que a esquadra não fosse nem vandalizada nem danificada. Isto satisfaz-nos em função da resposta que foi dada", referiu.

Francisco da Silva afirmou que o processo de desordem, tumultos e interdição de vias registou dois momentos, tendo no primeiro dia de ocorrências sido feitos "vários apelos, várias chamadas de atenção para as pessoas se absterem destes comportamentos".

"E, por via disto, por não terem acatado as nossas recomendações, a Polícia teve que fazer uso dos meios coercivos legitimados por lei -- sublinho esta parte --, de modo a repor a ordem. E é nesta reposição de ordem que muitas das pessoas se insurgiram, manifestantes tentaram agredir agentes da Polícia -- tal como vimos aqui nesta esquadra -- invadir esquadras de Polícia, saquearem bens em lojas", referiu.

De acordo com Francisco da Silva, a Polícia utilizou os meios proporcionais para garantir a integridade física dos agentes e repor a ordem.

"Nós vimos, em vários vídeos, que a Polícia lançou gás lacrimogéneo e outro tipo de armamento não letal, mas também puderam observar em vários vídeos a circular nas redes sociais que os jovens ou os cidadãos que realizavam esses atos quase não eram afetados por esses meios e atiravam-se para cima das autoridades com muita valentia. Portanto, o que posso dizer é que a resposta foi dada na medida para evitar que o Estado fosse posto em causa", declarou.

Segundo o Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola, "em nenhuma parte do mundo" a Polícia permite que a esquadra seja vandalizada ou que as instituições do Estado, ou os bens de particulares, sejam postos em causa, admitindo que a resposta policial "resultou em que muitos elementos fossem feridos, que mais tarde resultou em mortes".

Sobre a morte de um agente da polícia, em serviço na província de Icolo e Bengo durante os tumultos, Francisco da Silva lamentou o seu falecimento, vítima de um disparo "de pessoas também envolvidas nas pilhagens, desordem e fogo posto na via pública".

"Infelizmente, perdemos um oficial, um efetivo, e tudo iremos fazer para esclarecer este caso", salientou.

Moradores do bairro Caop B, em Viana, periferia de Luanda, disseram hoje à Lusa que Silvi Mubiala, 33 anos, mãe de seis filhos, saiu de casa na terça-feira para socorrer uma das crianças, perdida no meio dos distúrbios, e que foi baleada à queima roupa por agentes da Polícia de Intervenção Rápida (PIR).

Um vídeo divulgado nas redes sociais, com o filho em pranto sentado ao lado do corpo ensanguentado da mãe, gerou indignação e apelos a que se faça justiça.

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