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Terça, 29 Março 2016 13:49

Angola "reforçou repressão" a opositores do regime ao condenar ativistas - Rafael Marques

O regime de Angola "reforçou a repressão" contra os opositores ao condenar na segunda-feira os 17 ativistas angolanos, após um julgamento que constituiu "uma verdadeira palhaçada", disse hoje à agência Lusa o ativista Rafael Marques.

Contactado telefonicamente a partir de Lisboa, o ativista angolano disse desde Washington que ficou mais uma vez comprovado que a justiça em Angola é um "apêndice da Segurança de Estado".

"A prisão (dos ativistas) não fazia sentido e o julgamento foi uma verdadeira palhaçada", pelo que as sentenças "também não fazem sentido", sublinhou Rafael Marques, que se encontra em Washington para encontros com representantes da Comissão dos Direitos Humanos do Senado e do Departamento de Estado norte-americano precisamente para denunciar a questão.

Rafael Marques mostrou-se convencido de que o general angolano José Maria, "na origem de todo o processo", está a defender o regime de José Eduardo dos Santos e que, com a condenação, não irá permitir mais manifestações contra o Governo.

O ativista disse acreditar que, ao impor a força, o regime de Luanda vai pôr cobro aos protestos da sociedade civil, "tal como já pôs fim às manifestações".

José Eduardo dos Santos, lembrou Rafael Marques, anunciou que irá abandonar a presidência em 2018 pelo que, até lá, "vai continuar a controlar a situação" no seio de "uma sociedade em que impera a cobardia, o medo e a corrupção".

"É a forma de controlar (futuros ativistas) até às eleições", acrescentou, alertando para os perigos de tortura que podem vir a ser infligidos aos ativistas agora condenados.

O tribunal de Luanda condenou na segunda-feira a penas entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva os 17 ativistas angolanos que estavam desde 16 de novembro a ser julgados por coautoria de atos preparatórios para uma rebelião e associação criminosa.

Os ativistas condenados rejeitaram sempre as acusações que lhes foram imputadas e garantiram, em tribunal, que os encontros semanais que promoviam - foram detidos durante um deles, a 20 de junho do ano passado - visavam discutir política e não promover qualquer ação violenta para derrubar o regime.

Os 17 ativistas condenados são o músico e engenheiro informático luso-angolano Luaty Beirão, o estudante universitário Manuel Chivonde "Nito Alves", o professor universitário Nuno Dala, o jornalista e professor universitário Domingos da Cruz, o professor primário Afonso "M`banza Hanza", o professor do segundo ciclo José Hata e o jornalista Sedrick de Carvalho.

O funcionário público Benedito Jeremias, o cineasta Nélson Dibango, o mecânico Fernando António Tomás, o tenente da Força Aérea Osvaldo Caholo, os estudantes Inocêncio de Brito, Albano Bingo Bingo, Arante Kivuvu e Hitler Tshikonde, a estudante universitária Laurinda Gouveia e a secretária Rosa Conde são os restantes condenados.

© Lusa

 

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