Quinta, 28 de Agosto de 2025
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Quinta, 28 Agosto 2025 18:19

Empresário Bartolomeu Dias acusa Governo angolano de “despesismo” face à fome

O empresário Bartolomeu Dias acusou hoje o Governo angolano de despesismo em viagens e aquisições de viaturas, lamentando igualmente o agravamento da dívida pública, quando os cidadãos clamam por fome e as empresas “estão a morrer”.

Segundo o empresário angolano, após o fim da guerra civil em 2002, as autoridades angolanas não souberam valorizar o volume de receitas petrolíferas que era arrecadado, cuja opção, disse, eram festas de segunda a sexta-feira e viagens em primeira classe até 2014.

“Nós estivemos nessa festa toda até 2014, daí por diante começámos a ver indicadores do surgimento da chamada crise económica que nos encontramos até hoje e não tínhamos qualquer plano alternativo, pisamos no acelerador e não conseguimos travar”, disse Bartolomeu Dias.

Falando hoje durante o segundo dia do Angola Economic Fórum (AEF2025), que decorre em Luanda, o empresário disse que o Governo angolano não tem conseguido reduzir a estrutura dos seus custos e por isso recorre ao endividamento e a “excessivos” impostos sobre os empresários.

“Nós pagamos aquilo que temos como retorno e aquilo que não temos como retorno”, lamentou o investidor angolano, fazendo alusão às cobranças da Administração Geral Tributária (AGT), quando, notou, o Governo “continua a não reduzir os seus gastos”.

Apesar do atual contexto de dificuldades socioeconómica, o Governo angolano “continua com os mesmos gastos, a comprar viaturas de alta cilindrada, a fazer viagens em primeira classe” que, no seu entender, são viagens “sem nenhum significado”, salientou.

Bartolomeu Dias, empresário que atua nos vários setores, desde a indústria e a camionagem desde a década de 1990, foi um dos oradores do primeiro painel da AEF, nesta quinta-feira, que abordou o “crescimento económico, investimento público e dívida pública: desafios e oportunidades”.

O também presidente do conselho de administração do Grupo Bartolomeu Dias criticou também o Governo angolano que, no seu entender, “está a endividar-se demais”, tendo-se igualmente manifestado cético em relação ao atual grau de execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025.

“O Governo [angolano] está a endividar-se demais. Eu tenho as minhas dúvidas que o atual OGE 2025 tenha sido executado a 30%, porque o Governo está a gerir com base no endividamento das micro e pequenas empresas que ele próprio está a matar”, criticou.

Para o empresário, as autoridades não estão solidárias ao atual “sufoco” das empresas, acusando mesmo a AGT de “estar com ânsia de recuperar dinheiro [por via dos impostos] porque tem de acomodar alguns vícios”.

E considerou não existir um pensamento direcionado para o desenvolvimento do país, afirmando que os tumultos registados em finais de julho em Luanda e no interior de Angola, na sequência da paralisação dos taxistas, constitui um problema social derivado da fome.

“Não podemos negar que é um problema social, ninguém agitou [os protestos dos cidadãos]. O povo está com fome”, atirou Bartolomeu Dias, cuja intervenção mereceu aplausos da audiência.

O AEF2025, alusivo aos 50 anos de independência de Angola, decorre sob o lema “Celebramos a História, Impulsionamos o Futuro da Economia” e congrega em Luanda mais de 70 oradores entre empresários, políticos, académicos e governantes.

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