Quinta, 19 de Junho de 2025
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Domingo, 04 Mai 2025 19:06

Corredor do Lobito é exemplo de parceria dos EUA com outros países – diplomata

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Angola considera o Corredor do Lobito um exemplo da diplomacia exercida pelos EUA em Angola e em África, destacando o envolvimento de empresas e instituições financeiras norte-americanas no projeto.

Em entrevista à Lusa, James Story, que assumiu a chefia interina da missão diplomática norte-americana em outubro de 2024, após a saída do embaixador Tulinabo Mushingi e prestes a deixar Angola, destacou que o mais significativo deste projeto é tratar-se de um investimento dos Estados Unidos com participação de empresas europeias e de outros países, em cooperação com o Governo angolano.

"É uma mostra de como nós podemos, em parceria, trabalhar.

Países da Ásia, países da Europa, dinheiro dos Estados Unidos, visão do Presidente [de Angola, João] Lourenço. Todos trabalhando juntos para realizar esse projeto", afirmou, sublinhando o caráter multilateral da iniciativa, com parceiros de vários países a trazer financiamento e investimento.

O interesse internacional pelo Corredor do Lobito foi recentemente evidenciado com uma visita promovida pela embaixada norte-americana ao terreno, que contou com a participação de 17 diplomatas acreditados em Angola, incluindo representantes da União Europeia, que fizeram parte do percurso de comboio, entre o Huambo e o porto do Lobito (Benguela).

O Corredor do Lobito é uma infraestrutura ferroviária que liga o porto do Lobito, em Angola, à região mineira do Cinturão de Cobre, na República Democrática do Congo, com uma extensão de mais de 1.300 quilómetros.

O Corredor é considerado essencial para o escoamento de minerais críticos, como o cobre e o cobalto, fundamentais para a transição energética, e visa impulsionar o comércio regional, o desenvolvimento agrícola e as cadeias logísticas, bem como a criação de empregos, sendo visto pelos Estados Unidos como uma alternativa às rotas de transporte chinesas.

Sobre os desembolsos dos empréstimos previstos para financiar o Corredor, cuja concessão está entregue à Lobito Atlantic Railway -- consórcio que reúne a Mota-Engil, a belga Vecturis e a suíça Trafigura --, o diplomata afirmou que são processos que "levam tempo" e que poderá haver novidades em junho, altura em que Luanda acolherá a cimeira de negócios EUA-África.

"Estamos a trabalhar todos os dias com as empresas norte-americanas, com os bancos de investimento, com o Governo da Angola para terminar esses projetos", referiu, acrescentando que se trata de "uma questão de burocracia".

Os principais financiadores do projeto incluem a Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento (DFC) dos EUA, que se comprometeu com 553 milhões de dólares (488 milhões de euros), mas até agora o desembolso não se concretizou, tendo sido os acionistas privados a investir 300 milhões de dólares (265 milhões de euros) no projeto.

James Story salientou também a importância de pensar no impacto para as comunidades ao longo do Corredor e mencionou a presença de empresas norte-americanas como a Amer-Con que vai instalar silos para armazenagem de grãos em 22 pontos do país, as pontes metálicas que vão ser fornecidas pela Acrow e o investimento da Sun Africa num parque solar, construído pela portuguesa MCA, com painéis fornecidos por uma empresa sul-coreana.

"Angola, neste momento, está a chamar muita atenção", disse o diplomata norte-americano, referindo outras presenças empresariais dos EUA no país, como a Africell e a Boeing -- que recentemente entregou quatro aviões à TAAG --, e avançando que continua a ser estudada a abertura do espaço aéreo para voos diretos entre Angola e os Estados Unidos, o que poderá potenciar o turismo e a conectividade.

Apontou ainda que, além do petróleo e do gás, os investidores norte-americanos estão atentos a outros setores, embora subsistam desafios para os empresários, como a questão da titularidade das terras e a ligação do sistema bancário angolano aos bancos correspondentes estrangeiros, estando instituições como o Deutsche Bank, o Citibank e o JP Morgan a estudar formas para ultrapassar essa limitação.

James Story defendeu que o investimento estrangeiro pode ajudar a estimular o crescimento e a gerar emprego, destacando os esforços do Governo para diversificar a economia.

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