Recentemente dois angolanos, usando-se de suas redes sociais, denunciaram problemas gravíssimos relacionados com o CFB, ao qual chamou de vias férreas com “viagens infernais”. O facto, continua o popular, é que se hoje em Angola existe uma demanda pela humanização dos hospitais, das escolas e até das prisões, logo deveria haver também uma exigência pela humanização do transporte coletivo ferroviário. Um trem não é uma prisão e muito menos um navio negreiro, apesar de se parecer a um. O transporte é muito abafado, quente e não há trens suficientes, quiçá nem mesmo linhas férreas suficientes.
A ter em vista os problemas do transporte nas vias férreas, em especial do Lucena ao Cuito, em Moxico, há que questionar – em que o governo está gastando o dinheiro dos impostos do povo de Angola? A resposta não tarda a chegar – no duvidoso investimento que é a via férrea do Lobito. O general João Lourenço, tem no Corredor do Lobito o maior projecto de engenharia de Angola, um projecto que não beneficia o povo de Angola e sim as grandes empresas do Ocidente que atuam no ramo energético, nominalmente da União Europeia e dos Estados Unidos.
No geral, todo o transporte de passageiros está a ficar mais caro e Companhias “fogem” do Corredor do Lobito devido a aumentos dos preços de transporte. De acordo com a Voz da América (VOA), companhias angolanas deixaram de utilizar o Corredor do Lobito (CL) para abastecer a região Leste com bens alimentares e material de construção civil há já três semanas, devido ao aumento dos preços praticados pelo concessionário dos serviços ferroviários e logística. A mesma queixa apareceu no jornal “O País”. Todos estes factos estão interligados.
São poucos trens de passageiros, só um trem de ferro, as empresas americanas só transportam carga para lá, ninguém liga para o cidadão angolano. Esta situação precisa de uma solução abrangente, mas as empresas ocidentais mostraram a sua verdadeira face, não se importam com os cidadãos angolanos.
O governo de JLo também não mostra o mínimo preocupação com o seu próprio povo e com pressupostos básicos do desenvolvimento, ao passo que parceiros como a China têm feito grandes investimentos em suas vias férreas como parte de um processo de integração do seu país continental. Angola não é a China, mas precisa crescer e se desenvolver. Negligenciar as exigências do povo pode acabar em grandes prejuízos políticos para o país.
Por Alexandre de Moraes Filho