Num mensagem divulgada a propósito do Dia Internacional do Trabalhador que hoje se celebra, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) renovou a sua solidariedade com a greve interpolada convocada por três centrais sindicais, reclamando atualizações salariais face à perda do poder de compra dos mesmos “e a situação económica catastrófica que os angolanos vivem”.
O segundo período de greve, que terminou na terça-feira, foi marcado segundo as centrais sindicais por “uma adesão expressiva”.
A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical - Central Sindical (FS-CS) decidiram apelar aos trabalhadores angolanos para não festejarem a efeméride em sinal de protesto pelas condições sociais difíceis que enfrentam.
A UNITA, por seu lado, instou o executivo “a tomar medidas consistentes e eficazes para a solução dos problemas que afetam os trabalhadores angolanos”, com empresas e famílias “cada vez mais empobrecidas” e reiterou o compromisso “de continuar a defender os direitos das classes profissionais e dos trabalhadores angolanos em geral”.
O Movimento Popular de Libertação de Angola, partido do poder em Angola desde 1975, saudou os trabalhadores angolanos afirmando que estão “no centro da atenção” do executivo, que “continuará a valorizar este extrato relevante da sociedade, com o qual mantém diálogo permanente”.
O partido dirigente aproveitou também a ocasião “para manifestar a sua total confiança num desfecho auspicioso no processo de conversações em curso entre o Governo e as centrais sindicais, as quais reconhece como parceiros estratégicos e interlocutores válidos na busca das melhores soluções para as inquietações da classe trabalhadora”, sem mencionar a greve.
O MPLA assinalou ainda que continua a trabalhar na melhoria do ambiente de negócios e considerou que o aumento da produtividade “é um fator determinante para reduzir as assimetrias sociais”, exortando os trabalhadores angolanos a “encararem com responsabilidade os preceitos laborais”.
Sindicatos e executivo angolano estão em negociações desde o ano passado procurando encontrar um consenso face às preocupações dos trabalhadores, tendo sido convocada uma greve geral cuja terceira fase está agendada para o período entre 03 e 14 de junho.
As três centrais sindicais angolanas exigiam o aumento do salário mínimo nacional, dos atuais 32.000 kwanzas (35 euros), para 245.000 kwanzas (268 euros), proposta "flexibilizada", entretanto, para 100.000 kwanzas (109 euros), um reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250 por cento, e a redução em 10% do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT).
O executivo angolano decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas (52 euros) para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas (76 euros) para médias empresas e 96.000 kwanzas (104 euros) para as grandes empresas, o que foi rejeitado pelos sindicatos.