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Sexta, 10 Novembro 2023 15:46

Críticas e escândalos ensombram novo Aeroporto Internacional de Luanda

É inaugurado esta sexta-feira, em Angola, o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, avaliado em 2,8 mil milhões de dólares. Segundo o Governo, empreendimento vai permitir que o país cresça mais que vizinhos.

O transporte de passageiros domésticos começa em fevereiro e internacional só no terceiro trimestre de 2024. Depois da inauguração só vai receber aviões de carga.

O novo aeroporto está localizado no distrito de Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, a 42 quilómetros do centro da cidade de Luanda. A sua extensão total é de 75 quilómetros quadrados.

As autoridades avançam que foi projetado para acolher a aeronaves do tipo (Boeing) B747 e (Airbus) A380.

O economista Nataniel Fernandes explica que o país terá um trabalho árduo para atrair turistas. "Não temos um turismo grande, nem de pessoas da região nem de pessoas por exemplo da Europa ou das Américas ou da Ásia a virem para cá fazer turismo. Ainda não temos isso. Temos trabalho muito grande para atrair pessoas para Angola", considera.

Objetivo: ser uma referência

O Governo angolano pretende que o novo aeroporto seja uma referência na sub-região, mas o jornalista José Gama diz que está distante de se igualar ao Oliver Tambo, na África do Sul.

"O aeroporto de Joanesburgo tem as infraestruturas a funcionar ao redor, tem hotéis, tem um metro a funcionar, que opera em cada 20 minutos. Não creio que o de Angola esteja a este nível. O de Angola para chegar aos pés da África do Sul, África do Sul teria de parar mais um pouco para Angola poder chegar aos seus pés. Portanto, o Aeroporto António Agostinho Neto ainda não está em condições de puder superar o de Joanesburgo”, comentou.

Anualmente, 15 milhões de passageiros deverão utilizar o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto . Desse número, 10 milhões serão passageiros das rotas internacionais e 5 milhões dos serviços domésticos, segundo as autoridades angolanas. O atual aeroporto tem um tráfego de dois milhões de passageiros.

Afinal onde vão sair os 15 milhões de passageiros que vão frequentar o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto?

O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu responde à questão: "Estamos convencidos que sim, vamos garantir mais tráfego, mais voos, mais passageiros, mais visitas. Vamos crescer mais que os outros países em termos de tráfego aéreo? Vamos sim, senhor. Não tenho dúvidas disso", disse o governante, afirmando que Angola tem potencial turístico para atrair mais turistas.

O economista Nataniel Fernandes diz que o Governo ainda não disse que tipo métodos vai usar para que o projeto possa ser mais competitivo:

"Para sermos competitivos vamos precisar que os custos de operacionalizar as companhias aéreas e o aeroporto em Angola sejam mais baixos do que nos outros locais. Isso não está de facto explicado como é que o Governo vai conseguir tornar o nosso aeroporto mais competitivo que os aeroportos vizinhos", referiu.

Suspeitas de corrupção

A empresa China Internacional Found (CIF)foi responsável pela engenharia e construção. Em 2017, a CIF do chinês Sam Pa, preso na China por corrupção, e dos generais Leopoldino do Nascimento "Dino" e Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", confirmou que tinha recebido 4,2 mil milhões dólares, depois da denúncia de que o empreendimento custava os 6,3 mil milhões de dólares.

O jornalista José Gama afirma que o Executivo de João Lourenço cancelou o contrato com a CIF devido a suspeitas de corrupção. A obra foi concluída pela construtora chinesa AVIC.

"A CIF era uma empresa que estava conotada ao anterior Governo, estava muito envolvida em atos de corrupção, ausência de transparência e creio que João Lourenço entendeu que esta empresa não servia para esta nova fase em que ele está a lutar contra a corrupção. Depois é uma empresa que tem muitos processos por via dos seus altos responsáveis".

A outra polêmica em volta do novo aeroporto internacional é a demolição de mais de três mil residências que estava naquele perímetro. Os seus antigos moradores prometem realizar uma manifestação para exigir indemnização.

Maria Sebastião quer uma casa para viver com dignidade como anteriormente."Dia 10 estaremos lá em massa. Não vamos levar armas ou catanas. Vamos lá com as nossas crianças para ele, Presidente da República. ver que estamos a passar mal. Não devia inaugurar o aeroporto sem atender o povo", lamentou.

Em julho de 2023, o Presidente da República autorizou a construção de 1.500 casas sociais e as respetivas infraestruturas para acomodar as famílias que há mais de um ano vivem condições desumanas. DW Africa

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