O Governo de Luanda anunciou em finais de agosto que órgãos de informação como a TV Zimbo, parceira da DW, a TV Cabo, a Angola Telecom, entre outros, serão privatizados.
Em entrevista à DW África, o analista angolano Agostinho Sicatu começa por duvidar que estas empresas sejam vendidas em bolsa. Mas de uma coisa tem a certeza: os compradores serão os chamados "marimbondos" - como são conhecidos os cidadãos que enriqueceram à custa do dinheiro do Estado.
Para Agostinho Sicatu, "se for concretizado o método que foi anunciado para a privatização, será inevitável parar nas mãos de 'marimbondos' porque a venda em bolsa é diferente, não permite a tal transparência que se deseja". Entretanto, o analista frisa: "Não acredito que será vendido em bolsa".
Transparência
Sicatu questiona a transparência nos concursos realizados em Angola, frisando que nem sempre é aplicada a lei em todas as fases dos processos de privatizações.
Ainda assim, o politólogo diz acreditar que desta vez vá ser diferente e que, "se forem cumpridos os pressupostos que a lei define", o "processo será transparente".
"[Se o processo] for acompanhado, se for fiscalizado, e todas as etapas forem seguidas convenientemente, acredito que o processo poderá ser transparente", afirma.
Controlo da imprensa
Já o jornalista e analista Ilídio Manuel diz que não vê em Angola grandes magnatas interessados em investir na imprensa. O que poderá acontecer, prevê, será a compra destas instituições como, por exemplo, a TV Zimbo, por pessoas próximas ao poder para poder controlar a sua atuação.
"Como a imprensa não dá lucro, não temos pessoas interessadas ou muito inclinadas. Aliás, se elas o fizerem, poderão estar a mando do partido governante no sentido de se manter o controlo da própria comunicação social", afirma. DW