"A minha detenção, tal como disse o meu advogado foi ilegal. Incorreram em mentiras os agentes da corporação, alegando que eu não me havia identificado", disse à Lusa o jornalista.
Segundo contou à Lusa, Queirós Chilúvia ao passar na tarde do dia 02 junto À Divisão da Polícia no Cacuaco ouviu gritos de reclusos a pedirem socorro, e depois de infrutiferamente ter tentado obter a versão da polícia para o sucedido, entrou em direto na Rádio Despertar, relatando o que estava a suceder.
"Fiz referência aos factos, aos tumultos e gritos dos reclusos, depois disse o que via nesse momento, com agentes da polícia a retirarem um recluso inanimado", recordou.
Detido e acusado de difamar a Polícia Nacional, o jornalista disse à Lusa ter sido colocado na mesma cela de onde tinha sido retirado o recluso inanimado.
Os outros reclusos disseram-lhe que os gritos foram para chamar a atenção da polícia devido à sobrelotação e por o detido inanimado ser tuberculoso e o seu estado de saúde se ter agravado.
"Falar de justiça em Angola? Deve-se repensar a própria justiça. É difícil dizermos que em Angola há justiça quando temos ainda juízes e procuradores a dependerem de ordens superiores", criticou.
Africano Cangombe, advogado de Queirós Chilúvia, disse estar "feliz" com a libertação do seu cliente, após pagamento de caução, mas manifestou-se preocupado com o atual estado da justiça em Angola.
"Aceitamos a sentença. Queríamos conseguir a liberdade do jornalista. Agora vamos fazer outras diligências, porque trata-se de uma prisão ilegal", acentuou.
O advogado disse que há questões que precisam de ser trazidas a público para, disse, "prevenir casos futuros".
"Ficamos com a sensação que com este julgamento ficou claro que é preciso que as liberdades sejam respeitadas. É preciso que os órgãos do Estado, neste caso, devem reconhecer que o direito à informação é um direito consagrado na Constituição e que jornalistas no exercício das suas funções devem ter garantido o acesso e a segurança", considerou.
LUSA/A24