A Assembleia Nacional de Angola abre hoje a sua quarta sessão legislativa da V Legislatura com um discurso do Presidente angolano, João Lourenço, sobre o Estado da Nação, e os deputados esperam uma mensagem real sobre a atual situação do país.
“Vamos ouvir o Presidente da República e aí penso que todo o angolano está à espera que ele faça uma radiografia real do país e indique caminhos que possa tirar o país da condição em que se encontra, estamos numa crise financeira já há algum tempo, uma inflação em alta e não há sinais da melhoria da economia”, disse hoje aos jornalistas o deputado da UNITA, Nelito Ekuikui.
Na sua chegada à sede do parlamento angolano, em Luanda, o parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) desafiou também o Presidente angolano a apontar um horizonte para as primeiras eleições autárquicas do país.
Angola “há muito espera por eleições autárquicas e o Presidente da República vem alegando que é por culpa do parlamento, mas ficou provado que não é verdade”, disse, manifestando a esperança de que “no seu discurso dê horizonte para realização das eleições autárquicas”.
Benedito Daniel, deputado do Partido de Renovação Social (PRS, oposição), espera que João Lourenço apresente um balanço pormenorizado sobre o percurso do país nos últimos anos, lamentando a atual condição social dos angolanos.
“O país não está bom socialmente, esta é a parte mais difícil da população angolana, o poder de compra continua a ser perdido, a saúde, a educação nunca chega”, notou, pedindo atenção a estas áreas. Segundo o programa desta reunião solene, o Presidente angolano deve discursar às 11:30 locais (mesma hora em Lisboa) e a sua mensagem será antecedida pela intervenção da presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira.
Para a deputada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) Lurdes Kaposso, o chefe de Estado angolano deverá dizer a Nação como está a paz, a soberania e o desenvolvimento.
“Se vamos ter o retrato do país real vamos ouvir, mas acredito que sim, acredito que um Presidente [da República] sabe melhor qual é o Estado da Nação, o que nós sentimos é o que vimos nas nossas casas e nas nossas famílias, muitas vezes nós vimos só a floresta e não vimos as árvores, mas quem está dentro da floresta, como o Presidente da República, de certeza que tem outra visão do Estado da Nação que pode ser diferente da minha ou da sua”, referiu.
Também o presidente da Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA, oposição), Nimi a Simbi, também disse esperar da mensagem de João Lourenço um retrato real do país, observando que “as debilidades sociais continuam a agudizar-se dia após dia”.
Rafael Massanga Savimbi, deputado da UNITA, defendeu, por seu lado, que João Lourenço deve partilhar a sua visão do país para os próximos tempos, referindo que os angolanos esperam que haja “medidas políticas, económicas que possam resolver e mitigar os vários problemas do país”.
Massanga disse ainda esperar que seja possível nesta legislatura finalizar as leis do processo autárquico para que “Angola entre numa nova era de autarquias”. O deputado escusou-se a falar sobre sua pré-candidatura à liderança da UNITA.