O Presidente angolano, João Lourenço, viaja na quinta-feira para a África do Sul a convite do seu homólogo, Cyril Ramaphosa, como anunciaram fontes diplomáticas em Luanda.
Para Osvaldo Mboco, Angola e África do Sul vivem um bom período nas relações, sobretudo por estarem localizados na mesma região geográfica e no mesmo bloco económico – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) – e esta proximidade deveria ser mais bem explorada por Angola.
“O período mais difícil das nossas relações foi ainda na altura do ‘apartheid’. De lá para cá, com o fim do ‘apartheid’, tendencialmente as relações têm conhecido estágios de desenvolvimento”, referiu o analista em declarações à Lusa.
Dada a aproximação geográfica e presença na SADC, “deveríamos intensificar e dinamizar mais as nossas relações comerciais com a África do Sul, um país mais industrializado comparativamente a Angola”, frisou.
A África do Sul, lembrou o especialista angolano, tem estado a dar passos significativos sobre a consolidação da diversificação da sua economia, tem um avanço tecnológico superior de Angola, fatores que podem potenciar e acelerar a diversificação no país lusófono.
“Angola pode de facto cooperar com os sul-africanos sobre matérias que possam concorrer para a diversificação da economia com a experiência sul-africana”, insistiu, e também, pelo facto de estarem próximos geograficamente, “o comércio entre ambos possa ser mais intensificado”.
Um fórum empresarial subordinado ao tema “África do Sul e Angola: Trabalhar Juntos para Forjar a Nova Era de Cooperação e Parcerias para Aumentar o Comércio e o Investimento Mutuamente Benéficos” está agendado, no âmbito da visita de João Lourenço.
Mboco considerou, por outro lado, existir uma “sincronia” nos canais diplomáticos entre ambos os países, acreditando que João Lourenço nesta sua deslocação deve dar corpo à diplomacia económica do Estado angolano.
Esta visita, para “além de consolidar os laços das relações dos Estados, também se enquadra no âmbito da estratégia económica”, referiu o analista, acreditando que Angola tenha percebido a necessidade de dedicar “atenção redobrada” a nível do continente africano.
“Que é um bom mercado, onde Angola pode tirar bom proveito e reduzir o excesso de importações de produtos oriundos de terceiros Estados (fora de África)”, argumentou.
Na diplomacia económica destacou o trabalho que deve ser feito para a atração de investidores para Angola e a “identificação de espaços para os empresários angolanos na África do Sul (…).
E isso seria importante, ver empresários sul africanos a instalarem fábricas em Angola”. Osvaldo Mboco considerou ainda existir a possibilidade de os dois países fazerem investimentos mistos o que, observou, “faria a grande diferença do ponto de vista de exploração das grandes potencialidades regionais com o objetivo de dinamizar o crescimento e desenvolvimento económico a nível da região”.