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Domingo, 21 Agosto 2022 18:15

Eleições 2022: Líder da UNITA vai à missa e espera “tranquilidade” eleitoral e respeito pelo voto

O presidente da UNITA (oposição) assistiu hoje à missa em Luanda, participando numa novena de oração pelo êxito das eleições gerais de quarta-feira, declarando-se convicto que vão decorrer em ambiente de tranquilidade e pedindo “respeito” pelo voto dos eleitores.

Adalberto da Costa Júnior participou hoje, pelas 18:30 locais (mesma hora em Lisboa), numa missa celebrada na Igreja de São Domingos, destacando a importância da novena de oração que está a ser vivida nas comunidades paroquiais da Igreja angolana, por iniciativa dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), realizada em Luanda.

“A igreja católica, preocupada com os desafios da abordagem eleitoral, tomou esta iniciativa a nível nacional e quis participar”, disse o dirigente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) à Lusa, salientando não ter ido na sua qualidade de líder do maior partido da oposição angolano e candidato à Presidência da Republica nas eleições gerais marcadas para 24 de agosto.

“O facto de ter andado na estrada permanentemente [em campanha eleitoral] nunca me permitiu assistir em nenhuma das capitais em que passei, ou chegava tarde ou estava em audiências”, contou, afirmando que as mensagens são “boas” e servem para tranquilizar a população.

O presidente da UNITA lamentou não ter tido oportunidade de assistir ao culto ecuménico que decorreu também hoje, por sobreposições de agenda, tendo o partido sido representado pelo deputado e secretário provincial, Nelito Ekuikui.

Quanto à campanha da UNITA, já na sua reta final, tem sido “extraordinária”, congratulou-se, ao contrário do que aconteceu com as instituições que garantem o processo eleitoral que, disse, têm sido “uma vergonha”.

Adalberto da Costa Júnior apontou, em particular, preocupações por, segundo afirmou, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) “não estar a fazer aquilo que deve”.

E garantiu que a UNITA está a “fiscalizar de perto” o processo e não vai desistir desta fiscalização, apelando à “correção dos desvios”.

Apesar de tudo, o dirigente declarou esperar que as eleições decorram em ambiente de absoluta tranquilidade “e que o voto do cidadão seja respeitado”.

“As eleições são cíclicas, os mandatos têm limites e, portanto, a democracia só existe com alternância”, sublinhou, com recados ao atual Presidente da Republica, João Lourenço, e candidato a um segundo mandato pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

“O governante do partido do regime em Angola tem de pensar que o poder não é uma vocação, não é uma herança do papá e da mamã e que a alternância vai acontecer mesmo”, vincou.

Sobre a chegada a Luanda, este sábado, do corpo do antigo presidente José Eduardo dos Santos, cujo funeral poderá acontecer no dia 28 de agosto, considerou que “a novela foi muito feia” e apelou ao respeito pela família e a memória do falecido chefe de Estado, antes de se dirigir ao templo católico para assistir à liturgia, a partir da primeira fila.

Domingo foi o dia escolhido também para a celebração culto ecuménico que decorreu esta manhã no estádio 11 de novembro e foi convocado pelo Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Aliança Evangélica de Angola (AEA) e Fórum Cristão Angolano sob o lema “Orai pelas autoridades para que tenham uma vida tranquila”, com vista a sensibilizar os eleitores angolanos para que as eleições decoram em ambiente de paz e tranquilidade.

Dirigentes de vários quadrantes políticos estiveram hoje num culto ecuménico em prol das eleições, com o MPLA representado ao mais alto nível, pelo presidente do partido e candidato a um segundo mandato presidencial e a primeira-dama, bem como vários membros do seu governo e o presidente da Assembleia Nacional.

Na celebração compareceram também integrantes da UNITA, principal partido da oposição, e da CASA-CE, terceira força política, que convergiram numa mensagem positiva sobre o período eleitoral.

Divulgação dos resultados da eleições no dia seguinte

Adalberto Costa Júnior espera que os resultados eleitorais sejam anunciados no dia seguinte às eleições, porque há tecnologia que permite transparência e rapidez no processo de contagem.

“Espero que Angola possa acompanhar aquilo que é o comboio dos outros países, não há nenhum motivo para se estender estas questões, estender a ansiedade, porque nós temos a tecnologia e a capacidade suficiente para ter resultados em algumas horas e pelo menos 24 horas depois”, afirmou Adalberto Costa Júnior, em entrevista à Lusa, que pediu a intervenção da Justiça no processo eleitoral.

“Há uma série de processos que estão engavetados, há uma série de apelos, inclusive hoje à tarde, feitos ao Tribunal Constitucional para trazer ao Direito angolano a organização deste processo”, acusou Costa Júnior, que repetiu desafios à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) já feitos hoje por outros dirigentes.

“Publiquem as listas de todos os votantes dos cadernos eleitorais”, porque, “pelos vistos, aquelas listas publicadas pela voz do presidente da CNE não são os cadernos”, disse à Lusa o líder da UNITA, o partido que tem mais criticado questões processuais que, no seu entender, podem colocar em causa a transparência do processo e permitir o enchimento de urnas com votos de mortos ou abstencionistas.

“Vamos fazer a festa da democracia”, desafiou Costa Júnior, dirigindo-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde a independência do país), visivelmente confiante que estas eleições irão assinalar uma mudança na gestão do país, se “a lei for respeitada”.

Quanto ao dia 25, dia seguinte ao das eleições, afirmou: “Vamos acompanhar o país que estará a festejar a vitória da alternância, que é exatamente o sonho de todos os angolanos, a esperança de uma maioria muito ampla neste país que está cansada da pobreza, da exclusão, dos desvios e da falta de respeito pela independência das instituições”.

Exemplo dessa falta de equilíbrios de poder é o facto de apenas com um boletim os angolanos elegerem “dois órgãos de soberania”, já que o Presidente é, automaticamente, o cabeça de lista do partido mais votado.

Por isso, Costa Júnior quer uma “Constituição que sirva os angolanos e acabe com esta questão do partido único, que tem refém as instituições do país”.

Angola vai a votos no dia 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.

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