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Sexta, 08 Julho 2022 18:49

ADEUS Zédu: "Convém não vasculhar coisas que não interessam"

O antigo primeiro secretário nacional da juventude do MPLA Boavida Neto disse que os últimos tempos de vida de José Eduardo dos Santos mostraram "uma situação muito constrangedora" e acrescentou que "convém não vasculhar nem rebuscar coisas que não interessam".

Questionado pela Lusa sobre como acompanhou os últimos dias de vida do antigo Presidente de Angola, Boavida Neto respondeu: "foi muito triste, o que tínhamos era o que, oficialmente, o Executivo, através das equipas no terreno iam informando, foi uma situação muito constrangedora, acredito que a morte é natural, uma providência divina, Deus determinou este caminho, temos de aceitar e convém não vasculhar nem rebuscar coisas que não interessam nem para o país, nem para a família, nem para todos nós, não interessa, o mais importante é aceitar a morte como uma morte divina".

O antigo dirigente juvenil, que é atualmente deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), diz que recebeu "o sentido de orientação do antigo Presidente nos momentos mais difíceis da nossa pátria, e nunca vacilou, nunca pôs o seu interesse pessoal acima de tudo, as qualidades dele são qualidades ímpares, como homem e como patriota, e ficou na nossa memória".

José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou hoje a presidência angolana, que decretou cindo dias de luto nacional.

O antigo Presidente da Angola estava há duas semanas internado nos cuidados intensivos de uma clínica em Barcelona.

Neste período, a filha Tchizé dos Santos apresentou uma queixa junto da polícia da Catalunha, argumentando que o antigo chefe de Estado de Angola não estava a ter os cuidados que considerava adequados.

Segundo disse então à Lusa a advogada que representa a angolana, Carmen Varela, a queixa visava investigar alegados crimes de tentativa de homicídio, omissão do dever de assistência, ferimentos devidos a negligência grosseira e revelação de segredos por pessoas próximas".

Segundo disse também à Lusa uma fonte próxima da família, Tchizé dos Santos queria afastar Ana Paula dos Santos, ex-mulher de José Eduardo dos Santos e mãe de três dos seus filhos, e impedir que fossem desligadas as máquinas que mantinham vivo o ex-presidente.

Tchizé dos Santos acusou também nos últimos dias o atual chefe do executivo, João Lourenço, de estar a fazer uma gestão política do caso.

O governo angolano anunciou hoje a criação de uma comissão do Estado para organizar a cerimónia fúnebre do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que integra 11 ministros e a governadora de Luanda.

A realização da cerimónia fúnebre não é consensual, já que as filhas mais velhas de José Eduardo dos Santos não querem regressar a Angola, por enfrentarem processos judiciais ou por alegadamente correrem risco de vida.

Um outro filho, José Filomeno "Zenu" dos Santos, foi condenado a uma pena de prisão no âmbito de um processo de corrupção, aguardando em liberdade o recurso que interpôs, e disse recentemente que o seu passaporte estava a ser retido pela autoridades angolanas.

José Eduardo dos Santos, 79 anos, é pai de oito filhos com cinco mulheres e esteve à frente dos destinos de Angola durante 38 anos.

Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos Presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.

 

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