A semana que findou ficou marcada por acontecimentos que destaparam ainda mais o véu que cobria o descaminho despudorado de dinheiros públicos que permitiu o enriquecimento ilícito de uns poucos iluminados e suas famílias e atirou para indigência milhões de angolanos, cuja condição se agrava a cada dia que passa.
Claro se for aquele Fernando Garcia Miala mentor do projeto (Criança Futuro) um dos maiores, mais respeitados e admirados projetos humanitários que Angola já alguma vez teve, único na altura, onde o objetivo principal era ajudar e nunca obter lucros como era grande maioria repletos de fachadas e simulações para todos os gostos.
Angola, um Estado fundado a 11 de Novembro de 1975, é exemplo acabado de país governado sem projecto.
À medida que as décadas têm passado, tem ficado cada vez mais evidente que a gestão de Angola pelo MPLA tem sido um processo de violência sem projecto. A Independência foi convertida numa gigantesca arquitectura penitenciária sobre as vidas e sobre as liberdades dos Angolanos.
E quem são os criminosos?
Criminosos são todos aqueles que roubaram dos cofres públicos e esconderam em bancos estrangeiros, e em qualquer parte do mundo onde existe pena de morte para corruptos não acredito que algum deles se livrassem.
Nunca o país se viu confrontado com tantas notícias, informações sucessivas e casos aparentemente escandalosos de posses e supostos desvios de dinheiros públicos, que envolvem pessoas endinheiradas, maior parte delas politicamente expostas, e que tem levado as instituições a reagirem como deviam e podem.
A proliferação de igrejas nunca esteve tão evidente em Angola. No passado, o papel destes parceiros sociais do Estado era claro e gravitava à volta da moralização da sociedade, mediante a transmissão de valores e conhecimentos e o encorajamento de práticas decentes. Missões religiosas espalhadas pelo país contribuíram, de forma directa, para a educação e a instrução de angolanos, que fizeram recursos a estes ensinamentos para ajudar a construir o país.
Esta demasiada e excessiva procura de João Lourenço em sustentar o discurso de salvador da pátria e defensor da democracia mesmo sendo já típico de alguns políticos atuais que se aproveitam de períodos de crise nacional para proferir o mesmo discurso, me parece ter baralhado alguns dos opositores do regime ao ponto que já estão a ver nele o homem que trouxe a esperança para os angolanos.
Direi que a política dos 100 dias de João Lourenço, para lá das funções ordinárias de exonerações e nomeações com o fito de criar uma equipa, teve como impacto a definição de novas políticas e atitudes éticas que mantêm os seus níveis de aceitação bem altos, apesar de nos faltarem sondagens.