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Quarta, 18 Mai 2016 13:26

Desinformação selvagem e redes sociais - Reginaldo Silva

Do ponto de vista mais político-partidário, parece-nos já haver poucas dúvidas quanto ao facto de ser exactamente do lado daqueles que mais reclamam contra a má utilização das redes sociais, que são provenientes as principais agressões e manifestações de intolerância no âmbito do debate contraditório, que é o pão nosso de cada dia de qualquer sociedade democrática.

Por Reginaldo Silva | RA

Fruto do conhecimento que vamos tendo do país, por força de uma vivência que já vai longa, também já sabemos fazer, com alguma facilidade, a sempre recomendável separação do trigo do joio e das águas.

Percebemos rapidamente pelo cheiro mais ou menos activo destas últimas, onde é que estão localizadas as águas residuais e para onde correm as outras mais saudáveis e que são próprias para o consumo humano.

Tal capacidade de discernimento que vai depender sempre da qualidade da memória acumulada, só se aprende mesmo na “universidade da vida”, pelo que, antes de mais, tem de se viver e de preferência em contacto com os fenómenos em relação aos quais depois nos queremos pronunciar.

De pouco ou nada adiantará a exibição de “rápidos” diplomas de duvidosa proveniência e ainda mais questionável consistência, diante de algumas performances intelectuais, particularmente ao nível das honestidades, que nos dizem tudo e mais alguma coisa sobre os respectivos e imberbes perfis.

Para além da experiência vivida, não existe outra solução para se carregar a memória com toda a informação necessária para se possuir a melhor capacidade de discernimento.

Já tentamos pesquisar algumas alternativas, mas de facto não encontramos nenhum sucedâneo que nos convencesse.

Como é evidente,  esta “mercadoria” não está disponível em nenhum manual da especialidade que é sempre feito de generalidades e de quantas outras banalidades, que depois são recitadas para impressionar pacóvios nas redes sociais com as mais diferentes “chaparias”, mas todas elas a “babar óleo”.

É esta capacidade que nos permite identificar as diferentes alas em presença, os corredores por onde se circula e as claques robotizadas que vão enchendo os espaços vazios das diferentes movimentações.

É este faro, que está cada vez mais apurado e atento, que nos permite saber/concluir que as referidas manifestações são cada vez menos representativas dos sentimentos gerais da comunidade.

Os seus mentores/instigadores mantêm, entretanto, alguma iniciativa/ influência na definição e aplicação das tácticas, sobretudo daquelas que são consideradas mais duras ou menos aceitáveis até do ponto de vista da ética republicana e do próprio respeito pela lei em vigôr.

É aí que entra aquilo consideramos ser a “desinformação selvagem”, que acaba por ter o efeito contrário da “desinformação inteligente”, onde os seus autores se esmeram por disseminar “produtos” mais sofisticados e portanto menos fáceis de identificar pelo grande público como sendo “fakes” ou contrafeitos, sem saberem que com o seu consumo estão a ser levados a ter os comportamentos e as reacções pretendidos pelo “laboratório” que os colocou no “mercado”.

A “desinformação selvagem”  voltou nos últimos dias a mostrar as suas garras, na sequência de tudo quanto se passou com o conhecido “furacão” que, surpreendentemente, fez questão de nos visitar por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, vindo do nada. Efectivamente, nada fazia prever que ele fosse acontecer cerca de dois anos depois dos supostos factos que lhe deram origem terem tido lugar, com uma configuração completamente distinta daquela que foi tornada pública na hora de se ter decidido dar inicio a um confronto público absolutamente injustificado e desproporcional.

Mais uma vez a informação sobre os factos foi a grande ausente deste debate forçado e sem grande sentido até para os reais interesses da parte que o despoletou, que, pelo que toda a gente sabe neste momento, tem uma outra grande prioridade na sua agenda já transformada em encarecida e desesperada prece diária.

Felizmente, acreditamos que neste momento já nem mesmo como “tempestade tropical” o referido “furacão” se está a conseguir aguentar no panorama da confrontação permanente e da procura recorrente de  bodes expiatórios, de preferência estrangeiros, por terem menos disponibilidade anímica para este tido de “kizango” que é sempre desgastante para quem tem mais que fazer e está por aqui de passagem.

Os recortes mais recentes desta onda de “desinformação selvagem” de tão desastrados e inverídicos, só podem atestar a grande incompetência e falta de criatividade dos seus mentores.

Eles estão, contudo, uma vez mais a afectar da pior forma a imagem do conjunto da “barricada”, onde a maior parte dos apoiantes acaba por serem meros figurantes que se limitam a bater palmas, quando o fazem, para logo depois em privado se confessarem cansados de tanta desinformação e manipulação.

O medo da silenciosa retaliação explica o resto.

Em principio, gostaríamos de acreditar, que o “patrocinador geral” terá muito pouco a ver com estes pequenos e atabalhoados últimos “projectos” destinados a manter um clima de crispação com um tal de Ocidente, apenas para desviar as atenções dos reais problemas existentes neste país e das causas/responsáveis que estão na sua origem.

Está na cara, diante das evidências, que a ideia é criar um outro debate a partir de factos forjados através da repetição de mentiras deslavadas que são colocadas nas redes sociais pelas mais diferentes janelas que se criam rapidamente com um clique.

Não é por aí que se vai lá…

 

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