Quinta, 11 de Dezembro de 2025
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Quinta, 11 Dezembro 2025 23:04

Os “mais velhos” do MPLA para que travem os intentos de João Lourenço - Marcolino Moco

Com as declarações do Presidente João Lourenço, em plena celebração dos 69 anos do "glorioso" partido, como líder do MPLA no poder e Chefe de Estado, ninguém mais pode ter dúvidas que se decidiu, definitivamente, para a pessoalização do poder, em Angola, com todos os prejuízos já muito visíveis, paradoxalmente, logo a seguir à paz: a centralização excessiva do poder e o consequente desastre na distribuição dos recursos do país.

Fala-se muito dos 50 anos de governo do mesmo partido, mas eu, por uma questão de estratégia de solução desse grave problema, prefiro falar dos 23 anos de paz. É nesses anos que políticos do MPLA que lá estão, com cada vez mais jovens turcos entusiasmados com a chegada da sua vez, vão bloqueando o desenvolvimento de Angola.

E, se formos a examinar a trajetória de fundadores e sustentadores de regimes deste tipo (Mobuto, Gbabo e Sissocós), comprometendo-se a si próprios e a seus descendentes. Esta última questão é, aparentemente, individual, mas não deixa de nos preocupar como humanos que somos, até porque a vida de pessoas e famílias desse nível impacta profundamente a vida de toda a sociedade, como temos visto com a perseguição da família e seguidores de dos Santos, com as respectivas consequências económicas e sociais.

O MPLA, especialmente na pessoa dos seus mais velhos, deve convencer, com energia, JLO a parar nos seus intentos de querer desafiar tudo e todos. O que vão ganhar com o seu silêncio comprometedor? A espera das vinganças finais, como aconteceu com JES?

Os juristas (na PGR e nos tribunais) devem ter um mínimo de brio, para não se deixarem utilizar da forma como se deixam, como agora no caso de Higino Carneiro, que se pudesse até nem devia comparecer a essas sessões da grande pouca-vergonha. Não me julguem mal, quando juristas como eu ou o Professor Sérgio Raimundo propusemos, atempadamente, uma solução política e socialmente mais consentânea com a sábia máxima do próprio MPLA “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”; onde “corrigir o que está mal” nunca deveria ser esta justiça selectiva, a matar empresas funcionais como as de Isabel dos Santos, ou, a impedir candidaturas múltiplas no MPLA, só porque o Senhor Presidente, já a esgotar os seus mandatos, as não quer, e agora mistura estatutos de um partido com a constituição de uma República. Se nos tivessem ouvido, quando dissemos: não deixem passar esta Constituição que nos vai tramar, colegas juristas do Tribunal Constitucional? 

A oposição político-partidária não se devia deleitar com a expressão proverbial umbundo “litili tulie asol’ene” (lutem entre vocês que tomaremos conta da vossa kanjika!), recado que até nem é dirigido à UNITA no seu todo, porque a sua liderança parece ter uma ideia muito correcta do que deve ser feito: resolver o problema do bloqueio de Angola, independentemente de quem venha a ganhar, amanhã, as eleições. Veja-se se alguém morre depois das eleições partidárias ou nacionais em Cabo-Verde, ou mesmo aqui perto, na Namíbia e na África do Sul?

E depois do Congresso da Reconciliação Nacional, a Igreja Católica e todas as igrejas cristãs, não devem desistir da sua missão de “tribunais éticos e morais” para os políticos. Têm cada vez mais esta legitimidade. Porque senão, quem a terá?

Marcolino Moco

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