Os líderes angolanos parecem ser muito cautelosos para se arriscarem. Para eles, aceitar o sacrifício por uma causa de grande nobreza, como deveria ser o papel de um líder, é algo que não se vê com frequência. Por norma, os líderes deveriam funcionar como bois puxando a carruagem que representa o povo, mas essa dinâmica parece ausente.
É fácil imaginar que alguém diria: "Venha cá tu e te ponhas à frente do povo". Contudo, essa visão ignora a complexidade da governança. O bem-estar de um país não depende apenas de quem está no poder, mas também do envolvimento e da coragem de todos os cidadãos.
Pessoalmente, nunca fui de "cozinhar o funge" para ninguém. Quem quiser funge que cozinhe ele mesmo. É interessante notar que meus filhos não comem funge, e alguns deles nem conhecem se é pena ou não; isso pouco importa nesta crônica.
A certeza que tenho é que, se o que está acontecendo em Moçambique ocorresse em Angola, já sei qual seria o primeiro líder a fugir. Não seria surpreendente vê-lo ser ajudado na fuga por amigos e familiares dentro do MPLA, algo que já ocorreu anteriormente.
Assim, enquanto Mondlane inspira coragem e sacrifício, a política angolana permanece em uma dinâmica onde a segurança pessoal parece prevalecer sobre a responsabilidade e a luta por um futuro melhor.
Por Fernando Vumby