Terça, 03 de Dezembro de 2024
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Terça, 29 Outubro 2024 21:56

Inteligência de Estado: os agentes duplos em Angola

Falar de inteligência de Estado é fazer referência há uma conjuntura e estrutura diversificada de processamento, colecta e análises de dados, ou seja, são uma série de informações e arquivos confidenciais, que servem como base para tomadas de decisões operacionais militares tácticas, estratégicas, ou projectuais, nas questões relacionadas à programas de políticas de Estado ou resultados governamentais.

Ultimamente o número de agentes duplos em Angola tem aumentado significativamente, por isso dá-se a necessidade de se criar urgentemente aquilo que eu chamo de «Força de Contra-Inteligência Estratégica», para se desmantelar gradualmente esses agentes com agendas “inconfessas e adversas” contra o nosso Estado.

É  necessário uma limpeza minuciosa, discreta e generalizada dentro dos nossos órgãos de defesa e segurança. Na actual conjuntura regional africana o que dá vantagem, até um certo ponto, ao governo angolano, é o facto de não termos tensões ou crises militares com algum Estado da Região. Mas caso tivéssemos estaríamos em situações complexas iminente, pois dado o fluxo de vazamento de informações confidenciais, isso colocaria a nossa segurança nacional (particularmente a nossa segurança militar) em um estado de ameaça sem precedentes, em caso de guerra teríamos desvantagens tácticas e estratégicas no campo de batalha a favor dos nossos inimigos, porque eles estariam um passo a frente das nossas próprias operações.

Na qualidade de Conselheiro de Segurança Nacional e de patriota, sugiro aos nossos órgãos de defesa e segurança que criem três departamentos ultrasecretos:

1) Departamento de Contra-Inteligência Estratégica ad hoc (para fins completamente político-militares, constituído por figuras e agentes especiais do mais alto nível de conhecimento no campo da Inteligência de Estado, caso contrário, será inútil tal Departamento e no final não haverá resultados nenhum);

2) Departamento de Inteligência Diplomática Estratégica ad hoc (tendo como finalidade identificar inimigos externos, que actuam nas profundezas das sombras em colaboração com forças internas ou agentes disfalçados e infiltrados, que têm interesses diversificados e adversos contra o nosso País);

3) Departamento de Inteligência Multisectorial e Multifuncional Estratégica ad hoc (esse Departamento actuaria de forma generalizada à nível da Inteligência de Estado em todos os campos e sector, sempre para questões específicas e de extrema importância na garantia da segurança e estabilidade do Estado).

Se eu quisesse, poderia ficar aqui o tempo todo falando sobre outros tipos de estratégias e formas de Inteligência de Estado, que ajudariam a encontrar rapidamente vários  agentes duplos e agentes infiltrados dentro do nosso sistema de Estado, mas profissionalmente, no campo da Segurança, temos regras rígidas a seguir, e as estratégias de inteligência não se expõem em portais de notícias, as massas não têm direito à esses tipos de informações, mesmo entre os agentes e oficiais superiores militares e de inteligência, é necessário nível de acesso para saberem determinadas informações. Entretanto, a implementação dos departamentos acima referidos, se actuados de forma funcional, eficaz, eficiente, pragmática, estratégica e ultrasecreta,  poderão trazer muitos resultados relevantes, caso contrário, os vazamentos de centenas e centenas de arquivos confidenciais sobre o nosso Estado continuarão a fluir.

A segurança militar de Angola está em jogo, bem como a segurança das instituições do Estado como um todo… diplomatas estrangeiros que actuam no nosso País têm colectado o tempo todo informações sobre o nosso governo, muitos desses diplomatas são membros de uma organização internacional de estudiosos e de pesquisadores sobre Defesa e Segurança (Inteligência de Estado), na qual eu faço parte como académico político-militar sênior, e os membros de nível alto têm acesso à vários tipos de relatórios de segurança. Em Dezembro se terá o último encontro do ano 2024, e se fará um balanço geral sobre segurança regionais e internacionais, ali eu me ocupo particularmente sobre África: segurança regional. Sobre esse quesito, devo ser 100% sincero: muitos dos agentes ocidentais e não só, que trabalham em África têm sido muito útil, porque sem eles seria quase impossível, ter acesso à certos relatórios sigilosos de segurança e à determinadas informações consideradas “estratégicas”. 

Esses diplomatas bem como outros agentes estrangeiros disfarçados em empresários (investidores) que actuam em Angola e no continente são miticulosos, altamente discretos, reservados, inteligentes, qualificados, profissionais e competentes nesse tipo de coisa, melhor do que eles é quase impossível de encontrar, eles realmente sabem como fazer correctamente o seu trabalho. Além disso, eles têm meios, recursos e instrumentos tecnológicos da 6ª geração, que mesmo a partir das suas próprias embaixadas, consulados e casas podem colectar informações importantes.

Administrar países africanos é diferente de administrar países ocidentais, para a realidade africana a dinâmica é mais exigente, no ocidente mesmo um político mediano ou não muito qualificado, consegue ter sucesso num governo ou num Ministério porque ali eles possuem instituições fortes e consolidadas à décadas, ali tudo funciona sem a necessidade de se ter um líder forte no poder, porque é a eficácia da conjuntura estatal que faz toda a máquina do Estado funcionar. Mas o caso africano é 100% diferente porque as nossas instituições não são fortes muito menos consolidadas, por isso surgem tensões, conflitos e golpes de Estado. Para a realidade africana é extremamente necessário ter líderes fortes que possam dar início à criação de instituições fortes.

Para a realidade africana, dado às suas complexidades de segurança, aquele que deve ocupar as posições de Chefe de Estado e de Governo ou qualquer outra posição estratégica de Estado, não deve ser simplesmente um “Político” ou simplesmente um “Militar”, mas sim um Político-Militar, e isso não deve ser uma opção mas sim uma “obrigação estratégica”. Mas em África estamos muito longe desta realidade, salvo excepções, a maioria nem é político, nem mesmo militar, no sentido autêntico e puro.

Não é confiável para o cargo de Presidente da República um político que não entende sobre Estratégias Militares ou sobre Inteligência de Estado ou sobre Segurança Militar, esse tipo de candidato seria um problema pro Estado, caso o País mergulhasse em tensões ou crises militares com outros Estados ou grupos paramilitares. Do mesmo jeito um Militar que não tenha domínios sobre Políticas de Estado ou que não tenha visão de Estado (o que eu chamo de sentido de Estado), também não é confiável para ser Chefe de Estado, porque não tem estratégias sobre “Gestão de Estado”, jamais levaria o País à bom porto. Devemos confiar em “Político-Militares”, por acarretarem consigo as duas vertentes (Estratégias Militares, Defesa e Segurança e Visão de Estado – Administração do Estado), pois assim funciona a verdadeira gestão do Poder Estatal.

Os órgãos de defesa e segurança do País precisam de reformas estratégicas… mudanças pontuais devem ser feitas, novos quadros no campo da inteligência devem ser inseridos, recrutados e formados para o bem do Estado. Exactamente sobre isso, conheço no mínimo uns 500 angolanos (espalhados pelo Mundo) muito bem formados na área da Segurança. No último diálogo que tive com eles (em Setembro) sugeri que elaborássemos em conjunto em prol de Angola um Projecto de Segurança Nacional (Segurança à todos os níveis), um Projecto de mais alto nível, algo exclusivo. Apresentei à eles os parâmetros do Projecto e todos concordaram com a ideia, mas ao mesmo tempo a maioria é de opinião de que o País não merece todo o nosso esforço e conhecimento por não valorizarem àqueles que realmente poderiam dar um contributo ao Estado, e que seria tudo uma perca de tempo.

Sobre isso eu não poderia discordar deles, porque é verdade, nem mesmo uma simples bolsa de pesquisa o Estado consegue dar aos verdadeiros intelectuais, falo por experiência própria, tinha pedido bolsa para uma pesquisa (ainda em curso), todos negaram, uns disseram que sim mas no final não deu em nada, assim é o nosso País, não há sentido de responsabilidade, mas ficam a dar 3, 4 bolsas numa única família e em amigos, tenho provas disso, quando tiver tempo livre vou escrever algo sobre o INAGBE, isso eu prometo. Mas de qualquer forma, apesar da desmotivação legítima e racional dos nossos irmãos em querer participar do Projecto, em Novembro haverá um outro encontro sobre o mesmo assunto, se eles aceitarem, então, vou coordenar todo o Projecto sobre Defesa e Segurança.

Administrar um Estado requer competência, responsabilidade, seriedade e estratégias, caso contrário, é perca de tempo, se deve trabalhar com resultados, eu sou focado o tempo todo nos resultados, o resto pouco me interessa. Já liderei organizações e associações com várias e várias centenas de pessoas (18 à 20 mil pessoas), no início muitos deles me criticavam pela minha rigidez e disciplina, mas no final eram os mesmos que imploravam-me pra continuar no comando, então, era reconduzido, foi assim por muito tempo, porquê? Porque só trabalho com resultados, eu trago resultados, eu sou igual à resultados, apenas isso me interessa, caso contrário, é perca de tempo, e pra quem me conhece sabe que não tenho tempo pra brincadeira, porquê? Porque o meu lema é “ordem, disciplina e cadeia de comando”, trabalho com projectos estratégicos bem definidos, e no final o resultado é infalível, não admito fracassos estratégicos, e antes de ser rigoroso com os outros sou rigoroso comigo mesmo, assim deve ser um líder sábio e altamente competente, gosto de combinar a disciplina político-militar com a disciplina rigorosa religiosa… A maioria não está a entender o que estou dizendo!

Garantir a segurança nacional é a máxima prioridade do Estado. A complexidade do terrorismo regional, internacional e transnacional, é algo na qual devemos nos preocupar e estar em alerta o tempo todo, pois as organizações terroristas são poderes paralelos aos governos e chegam a ter mais poderes e recursos financeiros que os Estados, e isso causa enormes problemas aos Estados, está tudo fora do controle.

O Estado-Maior-General, junto com o Ministério da Defesa, Minstério do Interior, SINSE, SIE, SISM, Casa Civil e Militar, deviam elaborar com urgência, um amplo programa conjuntural estratégico de contenção e prontidão à todos os níves das nossas forças e agentes de Segurança do Estado, para o combate ao Terrorismo, ameaças externas e agentes duplos. É no tempo de paz que se combatem às ameaças.

N.B: A Socil Marítima S.A., anunciou que partir de Novembro o preço de viagem de barco: Cabinda-Luanda e vice-versa, será 40 mil (80.000 KZ ida e volta); Cabinda-Soyo e vice-versa será 22.000 Kz (44.000 Kz ida e volta). Essa situação é preocupante, penso que se deve averiguar e minimizar as coisas para os nossos irmãos de Cabinda, que seja 7 a 10 mil KZ por viagem, por uma questão estratégica. Falo o tempo todo sobre diplomacia e segurança (ninguém fala ou escreve sobre isso melhor que eu), e minimizar os problemas em Cabinda é também sinônimo de Segurança Nacional. Sobre isso falarei com mais detalhes num outro momento. A poucos dias estive a almoçar com uma Madre de Cabinda, e ela me estava a explicar sobre a situação de Cabinda… não é que eu precisasse de tais explicações, pois tenho acesso à vários relatórios de segurança sobre países africanos que a maioria não tem, mas a conversa com a Madre de Cabinda foi amigável e serena, pois ela e eu no sentido religioso temos a mesma educação: a educação católica, e eu estudei nas Universidades do Vaticano, e fui Presidente dos Estudantes religiosos por vários anos em Roma, quanto à isso o meu CV e percurso é muito claro.

Contudo, na qualidade de político-militar a segurança do Estado, pra mim sempre será o meu foco, estou preocupado com isso, ao mesmo tempo um político-militar deve preocupar-se com os projectos estratégicos de Estado no campo do desenvolvimento econômico-social. Portanto, por mais que o meu povo de Cabinda clama por autonomia outros clamam por independência, não é isso que realmente Cabinda precisa, Cabinda precisa é de um “Programa eficiente de Desenvolvimento”, isso é: melhores condições de vida, políticas de empregabilidade juvenil, subsídios familiares, acesso à residências sociais, às escolas e universidades, e que a riqueza da Província (petrólio, madeira, etc) se reflicta na vida daquele povo, isso é o que se precisa em Cabinda. As autonomias e as independências regionais nos países africanos não resolvem problemas, pelo contrário, só aumentam o caos e a desordem, sobre isso já escrevi muito. Basta notar como se encontram hoje as regiões africanas que seguiram esse caminho, a instabilidade é 7 vezes maior.

E como um personagem de mais alto nível no campo da Segurança, o meu foco é contribuir para a Segurança do Estado, faço isso o tempo todo a custo zero, o País nunca fez nada por mim, mesmo assim estou preocupado com a nossa Segurança, porque sou patriota. Em base os vários relatórios de segurança, em Angola já se encontram vários indivíduos ligados à células terroristas com planos em andamento para espalhar o caos na Região, e isso inclui Angola. Muitos desses indivíduos terroristas e criminais entram no País porque o serviços de emigração e a guarda fronteriça os deixam entrar à custo de alguns trocados, no entanto, reformar e reformular as estratégias do Ministério do Interior é também uma prioridade de Estado, não vamos ignorar isso, pois isso é também uma questão de segurança nacional.

Por: Leonardo Quarenta, Post-Doc Researcher.

Conselheiro de Segurança Nacional

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