Quarta, 26 de Junho de 2024
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Sexta, 07 Junho 2024 12:37

Abel Chivukuvuku acusa regime de o impedir há anos de participar na vida política

O político angolano, Abel Epalanga Chivukuvuku, coordenador do Projecto Político PRAJA Servir Angola, acredita firmemente na legalização do seu Projecto, até final de 2024 ou início do próximo ano.

Em entrevista à RTP, afirmou categoricamente que todo angolano lúcido sabe que ao longo dos anos a estratégia do regime foi a de impedir Abel e o seu PRAJA de participarem na vida política nacional, não foi por acaso que fizeram uma estratégia que inviabilizou a sua liderança na CASA-CE, portanto tudo isso faz parte de um quadro de uma estratégia, “mas o que elas têm que perceber é que isso não vai acontecer, até porque há razões básicas fundamentais. Primeiro, a Constituição autorga a todos os cidadãos o direito de participar na vida política nacional, portanto isso é de Constituição, não é de vontade de alguém”.

“Segundo, disse, há uma questão de o regime democrático inclui, um nível de liberdade, nós ainda não somos um Estado democrático, somos um Estado em transição para a democracia, mas em democracia há liberdades e uma das liberdades fundamentais é a liberdade de opção, a pessoa tem que ter o direito de optar, liberdade de opção religiosa, liberdade de opção política, liberdade de opção de associação, até de clubes, cada um escolhe, e até a liberdade de não querer nada, na verdade, faz parte das liberdades fundamentais e por isso é preciso participar”, esclareceu, Chivukuvuku.

Também, assegurou que não vai desistir, porque servir o país tem a ver com vários factores, primeiro, ter um chamamento, sentir que a consciência diz que é preciso fazer coisa. Segundo, é preciso ter uma visão diferente e positiva para o país.

“Terceiro, é preciso ter vocação, nem todas as pessoas têm vocação, também é preciso uma espécie de vontade e direito de servir. E isso vai nos permitir continuar. Não vamos mudar de nome, eu já tinha avisado que se me fecham a porta, eu passo pela janela”, conforme o político, acrescentando que, “Se me fecham a janela, eu tiro a chapa do teto e passo na meia e me participo. Foi o que aconteceu em 2022. No entanto, nós vamos agora relançar outra vez o processo PRAJA - Servir Angola.”

Esclareceu ainda que, vai introduzir a breve trecho, nos próximos meses, a nova comissão instaladora, mas com grande parte dos antigos participantes da anterior comissão instaladora. “Terão sido esgotados os quatro anos limitativos. Número um.”

“Número dois, vamos voltar a carga com a sigla PRA-JA Servir Angola e com todos os símbolos. Houve uma prática antidemocrática ao longo dos anos. É que se uma sigla tivesse aparecido numa comissão instaladora, aconteceu isso com a FPD. Ora, não existe partido PRAJA. Portanto, somos livres de voltar com a mesma sigla, até porque somos os mesmos. Para além de que, sabendo das manigâncias do sistema, o que nós fizemos foi registrar o direito de propriedade intelectual da sigla PRAJA, e que foi registrada. Nós, sendo os donos, sendo a comissão instaladora, a lei não proibindo, vamos fazer com a mesma sigla. Portanto, nesse aspecto estamos claros”, garantiu, afirmando que a comissão instaladora vai legalizar o PRAJA Servir Angola.

Essa Comissão Instaladora, espera que até o fim deste ano, princípios do próximo ano, esteja tudo resolvido. “Até porque conseguimos também uma outra fórmula, a que já não precisamos de recorrer às administrações municipais para fazer os atestados de residência, que era um dos problemas que elas utilizavam muito para fazer manobras. Ora, em Angola agora existe o cartão de munícipe. E o cartão de munícipe tem os mesmos efeitos do cartão de residência. Portanto, isso vai ser rápido. Entretanto, nós para já defendemos a tese de que é preciso manter a Frente Patriótica, é preciso reforçar a Frente Patriótica”, explicou.

Provavelmente, estimou, teremos que reformular alguns elementos que o contexto nos exige. Porque a Frente Patriótica passa a ter três partidos. Para além daqui é preciso provavelmente discutirmos se a largamos ou não. Se o PRAJA for legalizado. Entretanto, em 2022 utilizámos a fórmula de agregação. Nós não podíamos exigir outra fórmula, porque não éramos ainda partido legalizado.

No seu entender, o Bloco podia, mas preferiu não exigir. “Fomos para a fórmula da agregação por volta da UNITA. Mas do ponto de vista identidade, somos três factores diferentes com a identidade própria que há com base de apoio própria. A UNITA, o Bloco Democrático e nós o PRAJA. E em 2027 vamos ter que conversar, acertar para ver qual é a fórmula que nos permite legalmente manter a Frente Patriótica que já demonstrou que é a expectativa do povo angolano”, observou.

Reconheceu que tem a obrigação de corresponder com esta expectativa em 2027. “Nós temos conversa, temos diálogo sobre isso. E como disse, é preciso manter, reforçar, reformular e alargar.”, realçou.

“Ao nosso nível das lideranças, quando digo lideranças, o presidente da UNITA é o Adalberto Costa Júnior, o presidente do Bloco Filomeno Vieira Lopes e eu, líder do PRAJA. Ao nosso nível, temos a clara vontade e a determinação para manter o compromisso com os angolanos e entre nós. Manter a Frente Patriótica unida, reforçar, reformular e alargar. Entretanto, temos a obrigação também de trazer o diálogo para dentro das nossas organizações”, referiu e defendeu a ideia de convencer as pessoas que é o melhor que “nós podemos fazer. Até porque a ideia de que nós tivemos 90 deputados são as manigações, são as manobras do sistema. Toda a gente sabe que não foi isso, não é verdade? Portanto, nós já ganhamos em 2022”.

Apelou igualmente pela necessidade de se encontrar uma maneira, primeiro, de manter a Frente Patriótica e não permitir que em 2026 se volte a repetir isso. “Dizem que ganharam as últimas eleições, no entanto, aceitaram ficar na oposição. Houve vários factores. E um dos factores é que as pessoas têm que ter percepção de que tivemos enorme pressão internacional. Enorme. Enorme”, admitiu, argumentando, “e nós não pudemos nos pôr também fora do contexto do mundo. Para além de que tivemos que avaliar o melhor interesse do país naquele momento.”

Considerou que neste momento, o regime está extremamente impopular, porque os quatro factores que determinam o estado da nação, a avaliação do estado da nação, quase todos eles dão um negativo. Em primeiro lugar, o estado psicomoral da população.

“E o meu receio é que, por causa do sofrimento, da pobreza, da fome, um segmento bastante importante da população está a tender para o desespero. O que não é bom. Por outro lado, também, vou sentindo que, à medida que nos aproximamos de 2027, e o regime que vai constatando a sua crescente impopularidade, também tende para ter desespero”, conforme o político.

Nestes termos, salientou que uma fórmula dessas num país, o povo é desesperado, o regime é desesperado, é uma fórmula de muito alto risco. “E nós precisamos evitar isso. No entanto, já vamos à situação que se vive em Angola hoje”, rematou.

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